Anvisa recebe novas ameaças para não aprovar vacina contra a Covid-19 em crianças
E-mail com intimidações foi encaminhado 24 horas depois de outra mensagem amedrontadora aos diretores da entidade
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou nesta quarta-feira, 3, que recebeu novas ameaças contra servidores, diretores, funcionários terceirizados e seus familiares, caso vacinas contra Covid-19 para crianças sejam aprovadas. Em nota, a entidade disse que recebeu a mensagem anônima por e-mail na sexta-feira, 29. A ameaça ocorreu 24 horas após outra mensagem com intimidações contra servidores ter sido encaminhada. “Logo após o recebimento dessa segunda ameaça, no exato dia em que a recebeu, a Anvisa oficiou às mesmas autoridades federais já alertadas no dia anterior, quando da primeira ameaça, a saber: Presidências da República, do Senado, da Câmara e do STF; Procuradoria Geral da República; Ministérios da Justiça e da Saúde; Casa Civil; Polícia Federal; e Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal”, informou a Anvisa. A entidade afirmou que “aparentemente” as ameaças foram encaminhadas por autores diferentes. “Em meio a essas ameaças ao Estado brasileiro, a Anvisa, que detém o poder de polícia desse mesmo Estado no campo da vigilância sanitária, segue com a sua missão institucional de proteger a saúde do cidadão de maneira ampla e se mantém na vanguarda do enfrentamento da Covid-19 em nosso país.”
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirmou nesta quarta-feira que pediu urgência à Anvisa para a liberação da vacinação contra a Covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos de idade. De acordo com o tucano, o ofício foi elaborado após uma reunião de integrantes de sua equipe com secretários estaduais de saúde, que também defendem a imunização desta faixa etária. Horas depois, a entidade afirmou que a solicitação ainda não havia sido protocolada. Segundo a Anvisa, a solicitação para a inclusão de uma nova indicação de faixa etária na bula depende de um protocolo a ser realizado pela empresa/instituição detentora do registro ou da autorização de uso emergencial, com a apresentação de dados clínicos e científicos que sustentem a segurança e eficácia da vacina para o público infantil.
“Como agência reguladora, a Anvisa somente pode aprovar novas indicações de qualquer medicamento ou vacina diante da apresentação de dados técnicos sólidos e mediante um pedido objetivo dos desenvolvedores de cada vacina. Por isso, o pedido de nova indicação deve ser feito pelo laboratório farmacêutico responsável pela vacina”, disse em nota. A Pfizer comunicou no último dia 27 que o pedido será enviado à Anvisa “ao longo do mês de novembro“. Nos Estados Unidos, a farmacêutica enviou a solicitação de uso da vacina para a faixa etária à Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), que autorizou a aplicação do imunizante em crianças de 5 a 11 anos na última sexta-feira, 29. O único pedido de aprovação de vacina para menores de 12 anos recebido pela Anvisa foi para a vacina Coronavac. A solicitação, no entanto, já foi analisada e negada de forma unânime pela diretoria colegiada da agência.
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