Atentado em Santa Catarina: ‘Cada vítima foi ferida com ao menos cinco golpes de facão’, diz polícia

Segundo os investigadores, o autor do crime é um ‘rapaz problemático, que ainda está no ensino médio e sofre bullying na escola’

  • Por Jovem Pan
  • 04/05/2021 20h46 - Atualizado em 04/05/2021 21h52
Imagem: ESTADÃO CONTEÚDO - WILLIAN RICARDO Movimentação diante da creche Pró-Infância Aquarela, no centro da cidade de Saudades, vítima de massacre O ataque em uma creche deixou cinco mortos - três crianças e duas profissionais da instituição

Um atentado em uma creche provocou a morte de cinco pessoas no município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, nesta terça-feira, 4. O jovem Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, estava com duas armas brancas durante o ataque contra as crianças e funcionários. Após cometer o crime, Fabiano tentou se suicidar com golpes de facão, mas foi socorrido, passou por cirurgia e não corre risco de morte. Em coletiva de imprensa nesta tarde, as autoridades esclareceram que todas as vítimas fatais foram feridas com, ao menos, cinco golpes de facão. “A partir de um rápido exame que fiz nos corpos, constatei que todas as vítimas receberam, pelo menos, cinco golpes de facão. A professora, que foi a óbito no local, foi esfaqueada por dois golpes na perna direita, um na perna esquerda, quatro nas costas e um no braço esquerdo. A outra funcionária da creche chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital devido a duas lesões no abdome. As crianças tiveram mais ferimentos. Uma delas teve cinco perfurações nas costas, uma no tórax e duas na cabeça. Outra delas foi golpeada três vezes no abdome, duas vezes no tórax e uma nas costas. Na última criança, foram constatados dois ferimentos nas costas, um no glúteo, dois no tórax e um no abdome”, disse um dos investigadores responsáveis pelo caso.

Entre os alunos mortos estavam Anabela, Sara Luisa e Murilo, que completariam dois anos no segundo semestre de 2021. A primeira a ser atacada na ação foi a professora Keli Adriane Aniecviski, de 30 anos. A jovem Mirla Renner, que completou 20 anos em janeiro, foi a outra funcionária morta na chacina. A motivação do crime ainda não foi descoberta, mas o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Norberto Koerich, revelou que o perfil do criminoso pode indicar pistas sobre os fatores que o levou a cometer a tragédia. “Ao longo dos próximos dias tentaremos traçar um perfil mais completo do autor do crime. No entanto, já sabemos que este jovem é um rapaz problemático, que ainda está no ensino médio e sofre bullying na escola. Segundo seus familiares, por conta do bullying, o jovem não queria ir à escola nos últimos tempos. Ele é muito introspectivo, não costumava se abrir com ninguém, não tem namorada, não costumava sair para festas, não conversava muito e, nos últimos dias, havia se afastado dos poucos amigos que possui. A família do criminoso é muito humilde, não sabia como conversar ou abordar esse jovem que enfrentava problemas psicológicos”, explicou o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Norberto Koerich, em coletiva de imprensa nesta tarde. De acordo com Koerich, a espada usada no crime foi adquirida recentemente.

“Ele comprou há pouco tempo as duas armas brancas que usou na ação. Questionado pela irmã para que serviria os instrumentos, Fabiano respondeu — em tom de brincadeira, que usaria para maltratar um animal da família. Com certeza, ninguém imaginava que ele faria essa atrocidade. Até então, ele era um jovem problemático, mas dentro da normalidade”, analisou o delegado-geral. Na casa do criminoso, a polícia encontrou R$ 11 mil em espécie. O dinheiro guardado por Fabiano é fruto de seu trabalho em uma empresa localizada em Saudades. “Ele não era conhecido da polícia, não tinha passagem, nada semelhante. Hoje em dia, infelizmente, os pais não sabem o que acontece com os filhos. Ainda trabalhamos com várias hipóteses para entender o que o levou a cometer o crime. Ele levou duas armas brancas para a creche, uma maior e outra menor. No entanto, usou apenas uma delas no ataque.” No momento do massacre, cerca de 30 pessoas estavam na instituição. Segundo Koerich, o criminoso queria atingir mais crianças, mas não conseguiu porque as outras professoras se trancaram, a tempo, com os alunos nas salas de aula. Para as autoridades, não há nenhum indício de que existam outros criminosos envolvidos na ação.

Também presente na coletiva de imprensa, a governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, reforçou que as famílias das vítimas podem contar com o apoio do Estado. “Em especial, cabe a nós oferecer solidariedade e apoio às famílias neste momento doloroso. Além disso, também cabe a nós garantir a agilidade na liberação dos corpos para que as famílias possam se despedir de uma forma digna. Não há como trazer de volta, nada do que fizermos compensará a dor, mas estamos buscando auxiliar da melhor maneira”, disse a governadora. Neste momento, os corpos das cinco vítimas estão no necrotério do Hospital Regional do Oeste, localizado em Chapecó, e devem ser liberados para sepultamento às 22 horas desta noite.

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