Bacia do Amazonas se recupera após pior seca em um século

Nível do rio Negro subiu 17 centímetros nos últimos dias, interrompendo sequência de quedas que durou mais de 130 dias

  • Por da Redação
  • 02/11/2023 11h19
EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Balsa encalhada no Rio Negro Rio Negro teve a pior seca da história ao atingir 13,59 metros em Manaus

A Bacia do Amazonas, uma das regiões mais importantes do Brasil em termos de recursos hídricos, está começando a se recuperar após enfrentar a pior seca em mais de um século. Após meses de escassez de chuvas, os rios da região estão finalmente começando a subir, embora o processo seja lento e a normalização ainda esteja distante, prevista apenas para dezembro. A situação foi agravada pelo fenômeno El Niño, que provocou o aumento das temperaturas no Oceano Pacífico e alterou as correntes de vento e as precipitações. Desde maio, os Estados do Amazonas e do Pará têm registrado chuvas abaixo da média devido ao impacto do El Niño. Especialistas apontam que os rios da Bacia do Amazonas terão uma subida tardia e gradual devido às mudanças nos padrões de chuva. Um exemplo disso é o Rio Negro, em Manaus, que apresentou uma estabilidade ao subir 17 centímetros nos últimos dias, interrompendo uma sequência de quedas que durou mais de 130 dias. No mês passado, a média de descida chegou a 10 centímetros por dia.

Apesar do início da recuperação em alguns pontos, a situação ainda é crítica. Os níveis dos rios estão muito baixos para essa época do ano devido ao atraso e à fraca intensidade das chuvas. No Amazonas, 62 municípios continuam em estado de emergência, com 598 mil pessoas afetadas pela seca até o momento. A falta de água tem impactado diretamente o acesso a alimentos, medicamentos e o funcionamento das escolas em comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, indígenas e áreas urbanas. As previsões indicam que mais chuvas estão a caminho na região e o nível dos rios deve continuar subindo nas próximas semanas. No entanto, em algumas estações no Alto do Rio Negro, os níveis mínimos devem persistir até 2024. O atual processo de estabilização dos rios está relacionado às chuvas nos Andes e na região amazônica, que estão fazendo com que os rios menores do Alto Solimões comecem a subir lentamente, impactando gradualmente outros rios da região.

Além da Bacia do Amazonas, todo o Brasil tem enfrentado perdas significativas em sua cobertura de água. Nos últimos 30 anos, aproximadamente 15,7% da superfície de água do país desapareceu. O estado mais afetado é o Mato Grosso do Sul, onde mais da metade (57%) de todos os recursos hídricos foram perdidos desde 1990, principalmente no Pantanal. Essa situação afeta todos os biomas brasileiros, resultando na perda de 3,1 milhões de hectares de superfície de água, o que equivale a mais de uma vez e meia de todos os recursos hídricos disponíveis no Nordeste em 2020. A recuperação da Bacia do Amazonas é um sinal de esperança para a região, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É fundamental que sejam adotadas medidas de preservação e conscientização para garantir a sustentabilidade desses recursos naturais tão preciosos. A seca na região amazônica é um alerta para a importância de cuidarmos do meio ambiente e adotarmos práticas sustentáveis em todas as áreas, desde a agricultura até o consumo consciente de água. Somente assim poderemos garantir um futuro melhor para as gerações futuras e para o nosso planeta.

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