Bolsonaro defende que policiais tenham 50 autos de resistência: ‘É sinal de que trabalham’

  • Por Jovem Pan
  • 03/10/2019 14h38
Alan Santos/Presidência da República Presidente e ministro sentados em evento público O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (3) que registros de mortes por “autos de resistência” são sinais de que “os policiais trabalham”. A afirmação foi feita durante o lançamento da campanha publicitária para aprovação do pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

“Muitas vezes a gente vê um policial ser alçado para uma função e a imprensa dizer: ‘tem 20 autos de resistência’. Tinha de ter 50! É sinal de que trabalha. Que faz sua parte e que não morreu”, disse Bolsonaro.

Autos de resistência são mortes enquadradas como consequência da atividade do policial, como uma reação para legítima defesa.

O presidente afirmou ainda ter certeza de que haverá consentimento para aprovação do pacote proposto pelo Executivo, mas reconheceu que o governo sofreu “alguns reveses”. “Devemos entender que não pudemos mudar de hora pra outra o rumo de transatlântico que, há no mínimo 30 anos, está no caminho errado.”

Apresentado em fevereiro deste ano como carro-chefe do projeto de Moro para combate ao crime, o pacote sofreu derrotas em grupo de trabalho de deputados, como a derrubada de dispositivo sobre excludente de ilicitude.

Sobre a campanha publicitária

Pacote Anticrime. A lei tem que estar acima da impunidade” é o slogan da campanha, que terá vídeos de 30 segundos com depoimentos. O presidente afirmou que o governo está “vagarosamente” conseguindo vencer a “guerra de informações” sobre segurança.

Moro afirmou na cerimônia que, no governo Bolsonaro, o Brasil não será mais “paraíso para criminosos”. Segundo o ministro, o pacote é uma aspiração importante da sociedade brasileira. “Há não muito tempo havia certa percepção de que vivíamos em terra sem lei e sem Justiça”, disse.

Para uma plateia composta por congressistas, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filhos do presidente, o ministro mandou recados. “Ações do Executivo são importantes, mas mudanças legislativas são igualmente fundamentais. Para que não só governo, mas também o Congresso, possa mandar mensagem clara de que os tempos do Brasil sem lei e sem Justiça chegaram ao fim.”

Moro disse ainda que “nada foi perdido” com relação ao pacote anticrime, mesmo após mudanças no texto feitas por grupo de trabalho da Câmara dos Deputados.

“O processo legislativo ainda está em trâmite. A votação está aberta e nada foi perdido. Outros pontos podem ser, no final, aprovados. E outros, rejeitados. O papel do governo é convencer os parlamentares”, afirmou.

Caso Ágatha Félix

O ministro disse mais uma vez lamentar a morte de Ágatha Félix, de 8 anos, baleada no dia 20 passado no Rio de Janeiro, mas não quis comentar sobre o presidente Bolsonaro não ter feito declarações sobre o caso.

“A pergunta não é apropriada”, disse. “Foi, no fundo, questão mais relativa ao governo estadual (a morte da estudante), mas o projeto anticrime visa proteger todas as pessoas. Objetivo maior é reduzir a criminalidade em geral e poupar a vida de muitas ‘Ágathas’.”

*Com Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.