ButanVac: Saiba tudo sobre a nova vacina brasileira contra a Covid-19

Imunizante será o primeiro desenvolvido e produzido no Brasil; Instituto Butantan pedirá, ainda nesta sexta-feira, 26, autorização à Anvisa para iniciar os testes em humanos

  • Por Jovem Pan
  • 26/03/2021 16h44 - Atualizado em 28/04/2021 20h08
ANTONIO MOLINA/ZIMEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 26/03/2021 Mão do governador João Doria segurando caixa da Butanvac Instituto Butantan prevê a produção de 40 milhões de doses da Butanvac em 2021

O Instituto Butantan anunciou, nesta sexta-feira, 26, a primeira vacina contra a Covid-19 desenvolvida e produzida no Brasil. A entidade vai pedir ainda hoje a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar início aos testes da fase 1 e 2 em humanos, previstos já para abril. “Essa vacina será para o Brasil. Prioritariamente para o Brasil e para os brasileiros. Depois de atender os brasileiros, obviamente, atenderemos outras nações irmãs e amigas que também sofrem com a Covid-19”, disse o governador de São Paulo, João Doria, durante o anúncio da Butanvac. Confira o que já se sabe sobre o novo imunizante:

  • Como será produzida a Butanvac? Qual tecnologia será utilizada?

A Butanvac será produzida a partir do vírus da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. O vírus em questão não causa sintomas em seres humanos. Para a produção da vacina, o vírus será geneticamente modificado para conter a proteína Spike, substância que o coronavírus usa para se ligar à célula humana. Em seguida, o novo vírus (da Doença de Newcastle + proteína do Sars-CoV-2) será introduzido em ovos embrionados de galinha. Dentro dos ovos, o vírus irá se multiplicar. Em seguida, será inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro. A Butanvac será feita com fragmentos do vírus morto. Essa tecnologia já é usada no Instituto Butantan para fabricação de vacinas contra a gripe.

  • Qual a vantagem da Butanvac?

A tecnologia utilizada pelo Butantan permite que a produção da vacina seja mais barata. “Nós já estamos falando de uma segunda geração de vacina, porque nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a Covid-19”, explica o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. “Nós poderemos usar menores doses da vacina por pessoa. Com isso, podemos ter mais vacinas para a população.”

  • A vacina é segura?

O Instituto Butantan garante que o fato do vírus da Doença de Newcastle não causar sintomas em humanos, bem como a inativação do mesmo, garantem que a vacina seja segura. Os resultados dos testes pré-clínicos realizados com animais se mostraram promissores. Além disso, a tecnologia é igual a da vacina da gripe, amplamente conhecida pela comunidade científica. “Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso, e sabemos também que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19”, explica Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.

  • O imunizante funcionará contra a variante brasileira do coronavírus?

Sim, a vacina está sendo desenvolvida para ser eficaz contra a P1 de Manaus.

  • Quando a Butanvac começou a ser estudada? Quantas doses serão aplicadas?

A nova vacina começou a ser estudada há um ano, em 27 de março de 2020. Por ainda estar em fase de testes, ainda não se sabe ao certo a quantidade de doses necessárias nem o intervalo entre elas. “No estudo clínico previsto serão analisadas doses diferentes e intervalos diferentes. Todas essas respostas nós teremos após essa primeira fase de estudos em humanos”, explica Covas.

  • A produção será mesmo 100% brasileira?

Sim. De acordo com o Butantan, a vacina será desenvolvida e produzida integralmente no instituto, sem necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo).

  • Apenas o Instituto Butantan produzirá a Butanvac?

Não, mas o Butantan será o principal produtor, responsável por 85% das doses. Isso porque a iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio internacional. O instituto terá o compromisso de fornecer essa vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda. Além do Brasil, os testes clínicos também serão feitos nos dois outros países participantes do consórcio: Vietnã e Tailândia.

  • Quem poderá participar dos testes da fase 1 e 2? E quando os testes serão iniciados?

Os testes serão feitos com adultos, com idade acima de 18 anos, que ainda não foram incluídos no Plano Nacional da Imunização (PNI). Serão cerca de 1,8 mil voluntários. Caso a Anvisa autorize os testes, eles deverão ser iniciados em abril. As doses que vão ser aplicadas neste primeiro momento já estão prontas.

  • Elas serão entregues ainda em 2021? Quantas doses serão produzidas?

Dimas Covas acredita que sim. “Após o final da produção da vacina contra Influenza, em maio, poderemos iniciar imediatamente a produção da Butanvac. Atualmente, nossa fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac. Estamos em pleno vapor”, afirma. O diretor-presidente informa que a previsão, caso os resultados sejam positivos, é que sejam produzidas cerca de 40 milhões de doses ainda esse ano, a partir de maio, para aplicação em julho.

  • A produção da nova vacina irá atrapalhar a produção da CoronaVac?

Segundo o diretor-presidente do Instituto Butantan, a parceria com a Sinovac será mantida, e não haverá nenhuma alteração no cronograma dos insumos vindos da China. “Nós produzimos anualmente de 80 a 85 milhões de doses da vacina da gripe e temos capacidade de produzir mais. A capacidade da nossa fábrica é de 140, 150 milhões de doses por ano”, explica Covas.

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