Calheiros elabora documento destacando contradições de Mayra Pinheiro em depoimento à CPI

Texto elenca onze pontos nos quais secretária, apelidada de ‘capitã cloroquina’, teria contraditado falas dela mesma, da OMS e até mesmo do ex-ministro Eduardo Pazuello

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2021 15h39 - Atualizado em 25/05/2021 16h35
Jefferson Rudy/Agência Senado - 25/05/2021 A secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, durante pronunciamento na CPI da Covid-19 Mayra Pinheiro falou com senadores na CPI da Covid-19 nesta terça-feira

O relator da CPI da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez nesta terça-feira, 25, um texto apontando contradições nas falas da secretária da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”, em depoimento à comissão. Em documento obtido pela Jovem Pan, Calheiros elenca antes mesmo do fim do questionamento da médica no Senado onze pontos sobre os quais ela teria dado falas equivocadas. Eles vão desde o tratamento precoce e isolamento social a informações sobre a plataforma do governo que indicaria o uso de hidroxicloroquina para pacientes.

Calheiros destacou a afirmação de Pinheiro sobre a realização do tratamento precoce por profissionais do mundo inteiro e apontou que ela é contraditada pela “recomendação da OMS em sentido contrário ao uso da cloroquina”. Ele disse, ainda, que a médica não levou à casa legislativa informações sobre estudos, pesquisas e publicações feitas na área de infectologia, que são lembradas por ela ao longo do depoimento; que Mayra afirma que a cloroquina é um antiviral – quando na verdade é um remédio para protozoários – e ressaltou pontos divergentes no depoimento dela sobre o aplicativo “Tratecov”, lançado pela pasta da Saúde. “Ela mesma se contradisse e contradisse Pazuello ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar apenas para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazuello) ou alteração (como ela mesma disse)”, afirma trecho do documento.

Sobre Manaus e a crise de oxigênio que causou caos na saúde pública no Amazonas em janeiro, o relator afirmou que Mayra Pinheiro apresentou contradições ao falar diante dos senadores que era impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a falta de fornecimento local quando, ao Ministério Público, informou que “é possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados”. Ele disse, ainda, que “há clara contradição” na fala da secretária quando ela aponta que só tomou ciência dos problemas locais entre os dias 3 e 5 de janeiro. Renan Calheiros também criticou falas da secretária sobre isolamento social e sobre o fechamento de escolas, apontando que não há provas científicas de que o isolamento apenas cause desespero à população e evite a imunização de rebanho e lembrando que dentro dos espaços de educação infantil não há apenas crianças, e sim uma equipe de profissionais adultos.

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