Caroline Pivetta, artista presa por pichar a Bienal em 2008, morre aos 39 anos
Também conhecida como Carol Susto’s, ela foi a única detida pela invasão ao 2° piso do prédio do pavilhão onde acontecia a 28ª edição feira artística
A pichadora Caroline Pivetta da Mota morreu, aos 39 anos, no último domingo, 5. A artista morreu por suicídio após um período de tratamento de depressão. A informação da morte foi confirmada por uma postagem do artista Djan Ivson, que também é pichador, em seu Instagram. O corpo foi enterrado nesta terça-feira, 8, em Porto Alegre. Pivetta deixa duas filhas, que ficam sob a guarda da avó materna. Também conhecida como Carol Susto’s, ela foi reconhecida nacionalmente após ser a única pessoa presa por pichar as paredes internas do 2° piso do prédio do pavilhão onde acontecia a 28ª edição da Bienal, em 2008. Aos 23 anos, ela ficou presa por mais de 50 dias por ter participado da invasão ao prédio com outras 40 pessoas que picharam o andar vazio da mostra – um espaço teoricamente aberto a intervenções artísticas livres. O fato gerou várias manifestações e reativou a polêmica sobre o acesso à justiça pelos mais pobres. Na época, personalidades e até autoridades públicas como o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Paulo de Tarso Vannuchi, e o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pediram a liberação da moça, considerando a desproporcionalidade entre o delito e a punição.
Pivetta passou 50 dias na Penitenciária Feminina Sant’Ana, no Carandiru, depois de três dias no 36º Distrito Policial, localizado no bairro do Paraíso, em São Paulo. Foi libertada em 19 de dezembro de 2008, por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ela chegou a ser condenada a um regime semiaberto de quatro anos, por dano ao patrimônio histórico e formação de quadrilha, mas o caso prescreveu. O caso foi retratado em 2021, no curta-metragem “Pivetta”, dirigido por Diógenes Muniz e Douglas Lambert. O grupo de Pivetta chegou a ser convidado para participar da Bienal de 2010, com três membros expondo no mesmo pavilhão, no entanto, ela recusou o chamado. Depois disso, Pivetta trabalhou em conjunto com o coletivo “Pixação SP” em produções em Berlim e em São Petersburgo, inclusive com produções expostas na Bienal de Berlim de 2012.
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