Em carta de despedida, ex-secretário do Ministério da Saúde cita Drummond e elogia Teich e Mandetta
O ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, publicou uma carta de despedida na internet onde relembra sua jornada no Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus.
Wanderson se tornou um rosto conhecido dos brasileiros ao apresentar dados, anunciar ações e detalhar os números da Covid-19 no país durante a gestão de Luiz Henrique Mandetta. Ele chegou a anunciar sua demissão ao saber da saída de Mandetta, mas aceitou ficar por mais tempo e, finalmente, se despediu da pasta nesta segunda.
Enfermeiro epidemiologista e servidor do Hospital das Forças Armadas, Wanderson recorreu ao autor Carlos Drummond de Andrade para explicar por que não continuou no cargo.
“Estávamos à frente pelo menos duas semanas em relação aos demais países da Europa e Américas, ampliando a capacidade laboratorial, leitos, EPIs e Respiradores. No entanto, como dizia o poeta e conterrâneo Carlos Drummond de Andrade, ‘no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho’.”
Na carta, Wanderson retoma momentos importantes de sua carreira e diz que não esperava lidar com o coronavírus tão de perto.
“Não poderia esperar que a maior pandemia do século chegaria às minhas mãos, no auge de minha carreira, com a melhor equipe e o melhor ministro, para planejar a estratégia, pensar em ações, definir objetivos, metas, comunicar diariamente o que sabíamos, o que não sabíamos e o que estávamos fazendo para aprender sobre a nova doença, salvar vidas e empregos. Esta sempre foi a orientação de Mandetta.”
Ao citar a curta gestão do ministro Nelson Teich, que anunciou sua demissão 28 dias após assumir o cargo, Wanderson relata que ele “seguiria pelo mesmo caminho” e volta a recorrer aos versos de Drummond: “O ministro Nelson Teich seguiria pelo mesmo caminho. Lamentavelmente não teve tempo de mostrar seu trabalho, pois novamente ‘tinha uma pedra no meio do caminho'”.
Após elogiar e agradecer a equipe de técnicos do Ministério da Saúde, Wanderson diz que continua à disposição da pasta. “Reitero que estarei a disposição da SVS e do Ministério da Saúde para explicar as ações adotadas a qualquer momento e ajudar o país na transição para um novo normal.”
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