Caso Henry Borel: O que se sabe até agora sobre a morte do menino de 4 anos, enteado do vereador Dr. Jairinho

Criança morreu na madrugada do dia 8 de março com sinais de violência no corpo; polícia do Rio de Janeiro investiga o caso

  • Por Lorena Barros
  • 26/03/2021 15h07 - Atualizado em 08/04/2021 12h45
Acervo familiar/Reprodução menino de camisa roxa estendendo mão com rosto borrado Henry tinha 4 anos e morreu no último dia 8 de março

As investigações sobre a misteriosa morte do menino Henry Borel, de 4 anos, enteado do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), tiveram mais um um episódio nesta sexta-feira, 26, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa da mãe, do padrasto e do pai do garoto. Na ocasião, celulares foram recolhidos e a quebra de sigilo da família foi autorizada pela Justiça, que ainda tenta elucidar o caso. O menino morreu na madrugada do dia 8 de março antes mesmo de dar entrada em um hospital da Zona Oeste do Rio de Janeiro com sinais de violência que não foram narrados pelas pessoas que tomavam conta dele naquele momento: a mãe e o padrasto.

Contexto familiar

Aos quatro anos, Henry era filho do engenheiro Leniel Borel e da professora Monique Medeiros. O casal se separou ainda em 2020. Pouco após o término, a professora foi morar com o namorado, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), em um condomínio no bairro da Barra da Tijuca, área nobre do Rio de Janeiro. No dia anterior à morte, que ocorreu na madrugada de uma segunda-feira, 8 de março, Henry tinha passado o fim de semana com o pai e foi devolvido à mãe. O menino, que ainda se adaptava à nova rotina familiar, teria apresentado resistência em voltar para casa, algo que seria habitual após uma temporada com o pai.

Versão sobre a morte

Já na casa da mãe e do padrasto, Henry teria sido colocado para dormir na noite do domingo enquanto o casal assistia a uma série na sala de casa. Para evitar que a criança acordasse, Jairinho e Monique teriam ido até o quarto de hóspedes do apartamento, local no qual o vereador, que também é médico, teria tomado um remédio para dormir e entrado em sono profundo. Nesse momento, a mãe da criança afirmou ter ouvido um barulho e corrido até o quarto do menino, onde teria o encontrado no chão com os olhos revirados. A criança foi levada até um hospital particular do bairro, mas chegou morta ao local. Enquanto socorria o filho, Monique avisou ao ex-marido que a criança estava sendo levada ao hospital. Diante dos ferimentos, a equipe médica teria aconselhado o pai da criança a investigar a causa da morte.

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou uma série de lesões internas e lacerações no corpo da criança, o que, segundo fontes ouvidas pela Jovem Pan, podem ser sinal de que a criança foi espancada. A causa da morte de Henry foi hemorragia interna e uma laceração no fígado, ambos resultados de ação contundente. Apesar das evidências de espancamento, a polícia ainda não concluiu as investigações do caso e não pode afirmar com certeza que o garoto foi vítima de uma ação violenta. Mesmo com a repercussão da morte, a versão sustentada pelo casal é de que o menino foi encontrado naquelas condições no quarto em que dormia. A suspeita levantada pela mãe à polícia é de que ele teria caído da cama.

A primeira notificação pública da morte do menino foi feita na página do colégio particular em que ele estudava no Rio de Janeiro. No post da escola Marista, o colégio prestava condolências à família pela morte, classificava o Henry, estudante da Educação Infantil, como “dócil, sensível e inteligente” e não detalhava o que aconteceu com ele, narrando apenas a versão inicial dada pela família de que o garoto teria sido vítima de um “acidente doméstico”. Com a repercussão do caso, o post, datado do dia 9 de março, foi apagado.

Oitivas da polícia e casos de violência

O caso, investigado pela 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca, corre em segredo, mas, até o momento, é possível saber que além dos pais, da avó e do padrasto do menino, foram ouvidos médicos do hospital para qual Henry foi socorrido, o perito responsável pela necrópsia no corpo do garoto, a empregada doméstica da família e uma ex-namorada do vereador, que teria narrado casos de violência sofridos por ela, o que não foi confirmado pela polícia. Ainda no ano de 2014, uma ex-esposa do vereador registrou uma ocorrência narrando sofrer violência por parte dele. O caso foi arquivado pelo Ministério Público porque nenhuma representação foi formalizada contra o parlamentar. A defesa do deputado protocolou uma petição uma semana após o crime, pedindo que uma entrevista dada pela empregada doméstica da família afirmando que via uma relação de carinho entre o político e a criança, assim como entre a criança e a mãe, fosse levada em consideração.

Em nota, a defesa do deputado Jairinho disse que o casal está abalado com a morte da criança, mas “recebeu a polícia de maneira tranquila e solícita”. O advogado André França Barreto afirmou que as buscas realizadas na casa do pai do menino, Leniel Borel, seriam prova de que a polícia investiga todas as hipóteses do crime. “O casal permanece confiante e seguro na inocência, e seguirá na mesma postura de prestar às autoridades todas as informações necessárias à elucidação desta tragédia”, afirmou.

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