PF investiga vacinação clandestina de empresários em Belo Horizonte

Cerca de 50 pessoas teriam sido imunizadas com vacina da Pfizer, ainda indisponível no Brasil; a farmacêutica, no entanto, nega que tenha vendido os compostos fora do Programa Nacional de Imunizações

  • Por Jovem Pan
  • 26/03/2021 09h29 - Atualizado em 26/03/2021 09h30
ANDRE MELO ANDRADE/IMMAGINI/ESTADÃO CONTEÚDO - 18/11/2020 Policial Federal de costas durante operação A Operação Camarote busca averiguar se houve a importação e administração irregular de vacinas contra o coronavírus

A Polícia Federal (PF) está nas ruas de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, em investigação contra a vacinação clandestina de empresários do setor de transportes. Agentes cumprem quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Viação Saritur. Entre os locais visitados pelos policiais está a garagem da empresa, onde teria ocorrido a imunização indevida. A Operação Camarote busca averiguar se houve a importação e administração irregular de vacinas contra o coronavírus. Em conjunto com o Ministério Público, a PF abriu o inquérito após vídeo mostrar pessoas sendo vacinadas à noite, no pátio da empresa. Uma mulher de jaleco branco vai até o porta-malas de um veículo, pega o imunizante e aplica em um homem, que está em pé, em frente ao automóvel. As imagens foram feitas por vizinhos, que fizeram uma denúncia anônima à Polícia depois de perceberem um aumento no fluxo de carros no local.

A revista Piauí revelou o caso esta semana, mostrando que cerca de 50 pessoas, entre empresários e políticos, teriam recebido o imunizante antecipadamente. Segundo a reportagem, entre eles estaria o estaria o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade. A apuração aponta ainda que os envolvidos teriam desembolsado um valor de R$ 600 pelas duas doses da vacina da Pfizer, ainda não aplicada na rede pública do Brasil. A farmacêutica, no entanto, negou que tenha vendido as vacinas fora do Programa Nacional de Imunizações.

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, classificou o caso como inadmissível. “Não se pode descumprir essa lei, essa diretriz. No futuro, quem sabe se possa ter em farmácias e hospitais a possibilidade de aquisição de vacinas. Mas, nesse instante, enquanto os grupos prioritários não foram vacinados, não é ético e aceitável pensar que alguém possa se vacinar fora do Plano Nacional de Imunização”, disse. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais já apura casos semelhantes de fura filas. Foi aberta uma CPI que está investigando irregularidades na imunização de servidores da Secretaria de Estado de Saúde.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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