Coronel Telhada afirma que população de Guarujá apoia operação da PM e critica Câmara por ‘leis brandas’ contra o crime
Em entrevista à Jovem Pan, ex-comandante da Rota entende que as ações devem ocorrer esporadicamente na região e afirma que o bandido é responsável pela própria morte quando não se entrega
O deputado federal Coronel Telhada (PP-SP) foi comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) entre 2009 e 2011. A sua atuação na tropa de elite da polícia paulista fez dele um dos principais nomes da segurança pública paulista e o levou à Câmara dos Deputados após passagens pela Câmara dos Vereadores de São Paulo e pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). De Brasília, em sua primeira legislatura no Congresso Nacional, Telhada aprova sem restrição a Operação Escudo, afirma que a população de Guarujá — epicentro da ação policial paulista contra o crime organizado na Baixada Santista — defende a atuação da Polícia Militar na Baixada Santista e critica colegas parlamentares que, segundo ele, não ajudam a tornar mais duras as leis que coíbem o crime organizado.
Iniciada para coibir o avanço do crime organizado no litoral paulista, a Operação Escudo foi encerrada na semana passada após um pouco mais de um mês no litoral paulista. Telhada diz ser favorável em ações policiais esporádicas na região. De acordo com o parlamentar, a região é um ponto crítico na questão de segurança pública por ser de interesse do crime organizado. A ação resultou na morte de 28 pessoas, além de 958 prisões, sendo 382 procurados. Os policiais apreenderam ainda cerca de 1 tonelada de droga no período. “Muitas favelas, morros, bastante área rural, estradas desertas, além do ponto importante que é de conhecimento de todos em cidades litorâneas: os grandes portos”, detalhou. “São [locais] usados pelos criminosos para tráfico de drogas e armamentos. O litoral é de grande interesse do crime organizado”, complementou. Na visão do ex-policial, havia necessidade de se realizar uma operação policial na região, em especial em Guarujá, onde o soldado Patrick Reis, da Rota, foi baleado e morto no dia 28 de julho quando fazia um patrulhamento em comunidade do município. “Era de conhecimento que o crime organizado estava se arvorando no litoral de São Paulo. Era necessária uma operação. A ação serviu para combater o crime, atacar pontos de maiores índices criminais. Eles querem fazer do local uma área livre, onde possam dominar. São Paulo não irá aceitar isso. É inadmissível existir áreas dominadas pelo tráfico”, criticou. Ex-comandante da Rota, ele assegurou que os confrontos irão existir, mas atribuiu a culpa aos criminosos. “A polícia age para prender o bandido. A partir do momento em que ele reage, infelizmente acaba morrendo alguém. Então, que seja ele, não um policial ou uma pessoa inocente”, afirma.
Três dias após o fim da operação, o sargento aposentado, Gerson Antunes de Lima, de 55 anos, foi assassinado em São Vicente enquanto varria a calçada de casa. Os suspeitos fugiram do local. Para que situações como essa não se repitam, Telhada defende que ações policiais, como a Operação Escudo, devem ocorrer esporadicamente na região. “Bandido é covarde. Não merece a pena da população. Essas operações deveriam continuar. A população de Guarujá jamais se manifestou contra a polícia. Eles querem mais policiamento na região.” A declaração ocorre após diversas criticas relacionadas à ação. Houve, inclusive, denúncias de torturas por associações ligadas aos direitos humanos. O parlamentar saiu em defesa da instituição e assegurou que a visão sobre polícia é irreal. “A polícia é superpreparada. O único responsável pela morte é o criminoso, que não quis se entregar.”
Sobre a violência contra policiais, Telhada acredita que somente diminuirá com leis mais rigorosas, além da valorização do profissional de segurança pública. “Enquanto não houver alteração nessa legislação, os ataques continuarão porque nossas leis são muito brandas contra o crime organizado. Na Comissão de Segurança Pública de Combate ao Crime Organizado, temos apresentados diversos projetos em defesa dos policiais militares, civis e guardas civis metropolitanos, no sentido de proteger a vida e valorização profissional. Mas há sempre uma resistência muito grade na Câmara dos Deputados. Porém, faremos o possível para mudar essa triste realidade”, finalizou.
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