Covid-19: 44% dos hospitais privados têm aumento de internações; cirurgias eletivas devem ser mantidas
71% das instituições afirmam estar preparados para a ocorrência de uma segunda onda, diz pesquisa do SindHosp; governo assinou decreto proibindo hospitais de desmobilizar leitos voltados ao coronavírus
Segundo um levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), 44,7% dos hospitais privados do Estado disseram ter detectado aumento de internações de pacientes com Covid-19 nos últimos 15 dias. Apesar da alta verificada, 71% afirmam estar preparados para a ocorrência de uma segunda onda da doença e, embora o secretário estadual de Saúde Jean Gorinchteyn tenha orientado nesta quinta-feira, 19, para que cirurgias eletivas não sejam mais agendadas, as instituições privadas informaram que devem manter os procedimentos. A pesquisa, compartilhada com a Jovem Pan, foi respondida por 20% dos hospitais privados não filantrópicos de São Paulo, um total de 76, com 7.516 leitos.
O levantamento detectou, também, que 46,06% dos hospitais identificaram aumento de diagnósticos de casos da Covid-19 nas últimas duas semanas. “Está havendo uma tendência de aumento de internações e casos de Covid-19 sim, mas ao mesmo tempo, detectamos que hoje os hospitais estão muito melhor preparados do que em março, no início da pandemia. Estão super estruturados e não há motivo para que os atendimentos eletivos não aconteçam”, afirmou o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp. Segundo ele, os pacientes não necessitam se desconectar de seus tratamentos, e devem manter cirurgias e demais procedimentos médico-hospitalares agendados. “Estamos vigilantes sobre o necessário abastecimento dos EPIs – equipamentos de proteção individual, medicamentos, anestésicos e equipamentos como respiradores para que os hospitais possam continuar prestando um atendimento de qualidade à população”, afirmou o presidente do Sindicato. Na rede privada, pelo menos cinco hospitais registraram aumento em diferentes proporções na primeira semana de novembro: Sírio Libanês, HCor, São Camilo, Albert Einstein e BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. No São Camilo, por exemplo, em maio, a média de internações diárias era de 17, com queda para seis em outubro – agora, em novembro, subiu para oito.
Decreto do governo
O governo do Estado de São Paulo anunciou, hoje, que assinou um decreto que determina que todos os hospitais públicos, filantrópicos ou privados não devem desmobilizar qualquer leito voltado para a Covid-19 — seja UTI ou enfermaria. Além disso, também não são mais permitidos agendamentos de cirurgias eletivas. “Dessa forma, podemos garantir leitos para todos os pacientes que possam necessitar”, avaliou o secretário estadual de Saúde Jean Gorinchteyn. “Precisamos analisar esses índices de forma muito próxima e esperar que todos os dados sejam efetivamente compilados para entender o quanto essa curva realmente vai ser comportar.” Hoje, o Estado tem cerca de 7 mil leitos voltados para o coronavírus. O número de novos casos, de acordo com a média móvel, subiu de 3.664 para 4.269. Porém, isso pode ser reflexo das falhas no sistema do Ministério da Saúde que impediu a computação correta dos dados. Já as internações subiram 8% no mesmo período — de 1.009 para 1.093. O número de óbitos também teve uma leve alta nos números, mas se manteve estável: de 88 para 95 mortes. O Estado de São Paulo tem, nesta quinta, 1.191.290 casos de Covid-19 e 41.074 óbitos. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 43,5% no Estado e em 49,7% na Grande São Paulo.
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