Covid-19: Mantendo ritmo atual, Brasil levaria 4 anos para terminar vacinação

Especialistas apontam a escassez de doses como a maior causa da lentidão do processo; presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações acredita que campanha deve até parar em breve

  • Por Jovem Pan
  • 06/02/2021 19h14
ESTADÃO CONTEÚDO EVANDRO LEAL Atualmente, uma média de 200 mil brasileiros são vacinados contra a Covid-19 por dia

Caso o Brasil mantenha o ritmo atual da sua campanha de vacinação contra a Covid-19, levariam mais de quatro anos para imunizar toda a população do país, segundo cálculo feito pelo microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida. Atualmente, a cada dia uma média de 200 mil pessoas recebem uma dose da vacina, sendo que na campanha da gripe de março de 2020 um milhão de brasileiros eram vacinadas em 24 horas.  “Esse ritmo é lamentável. No caso da Covid-19, deveríamos conseguir no mínimo mesmo número; idealmente mais, se abríssemos postos de vacinação em estádios e escolas”, afirmou.

Outros especialistas apontam a escassez de doses como a maior causa da lentidão do processo. “Se tivesse vacina para todo mundo, era muito mais simples vacinar um milhão por dia. Se tivesse muita vacina, ninguém ia furar a fila, como aconteceu em Manaus. Outra coisa, cada um estabeleceu seus critérios. No Rio de Janeiro, por exemplo, teve um dia inteiro para quem tem mais de 99 anos, isso não existe. O que eles querem? Entrar para o livro dos recordes?”, criticou o epidemiologista Fernando Barros, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

“No caso da vacinação contra a Covid-19, diferentemente do que ocorre na gripe, é preciso fazer um registro completo de todo mundo para alimentar a farmacovigilância. Isso vai provocar um ritmo mais lento”, completou presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha. Para ele, é possível até mesmo que a campanha brasileira tenha de ser interrompida em breve. “Na situação em que estamos, provavelmente vamos ficar um tempo sem vacinar ninguém, uns vinte dias, se não recebermos outras vacinas, até a Fiocruz e o Butantan começarem a produzir em larga escala”, afirmou.

Nesta semana, o Instituto Butantan recebeu outra remessa de insumos da Coronavac e prevê entregar novas doses prontas até a última semana de fevereiro. Já a Fiocruz prevê a entrega no sábado, 5, do primeiro lote de matéria-prima do imunizante Oxford/AstraZeneca. O Ministério da Saúde tem sido pressionado a ampliar a oferta de doses e articula a compra da Sputnik V, vacina da Rússia cujos dados de eficácia, superiores a 90%, foram publicados nesta semana.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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