Cunha cobra, no WhatsApp, ‘doação’ para ex-ministro Henrique Eduardo Alves

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/07/2016 11h09
Presidente Henrique Eduardo Alves discursa em defesa da imagem da Câmara e do Congresso Nacional em referência a matéria do programa Fantástico, da Rede Globo, veiculado no último domingo (8) Data: Foto: JBatista / Câmara dos Deputados - 10/06/2014 JBatista/Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves

Ao analisar milhares de mensagens no celular do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio de Azevedo, a Polícia Federal encontrou mais um pedido de doações do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para seu correligionário Henrique Eduardo Alves (PMDB) no período em que o último era candidato ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014.

Cunha já é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por pedir doações para Alves ao presidente de outra empreiteira, a OAS.

Henrique Alves pediu demissão do Ministério do Turismo, no último dia 16 de junho, diante dos avanços da Lava Jato que, em colaboração com a Suíça, identificou uma conta do peemedebista no país europeu e, inclusive, já o denunciou por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além disso, ele foi denunciado junto com o peemedebista sob a acusação de participar do esquema de corrupção envolvendo os negócios financiados pelo FI-FGTS.

Os dados do celular de Otávio Azevedo reforçam as suspeitas sobre a atuação do político junto a empreiteiros e que ele teria repetido o expediente de pedir apoio a Henrique Alves com outros empresários.

Em troca de mensagens no aplicativo Whatsapp, em julho de 2014, Cunha passa ao empreiteiro dados da conta da campanha de Henrique Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Oficialmente, a Andrade Gutierrez doou R$ 100 mil para a campanha, que foi derrotada. O vencedor foi Robson Faria, do PSD.

Cunha também passa os dados de uma conta que seria do diretório do PMDB fluminense e um CNPJ que seria dele mesmo. Ao final das mensagens, que não têm resposta de Otávio, ele cobra “fez Henrique?”. Apesar do silêncio, cerca de duas horas depois o empreiteiro encaminha os dados da conta de Henrique Alves para um outro executivo da Andrade.

Henrique Eduardo Alves é alvo de inquérito justamente pelas trocas de mensagens em que Cunha pede recursos para ele. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, as doações recebidas pelo ex-ministro do Turismo seriam, na verdade, propina.

Defesas

Henrique Alves vem negando envolvimento em irregularidades e diz que suas doações foram declaradas e legais. A reportagem telefonou para o celular do peemedebista, mas ele não atendeu. A reportagem também entrou em contato com a assessoria de Cunha, que também não respondeu. O espaço está aberto para a manifestação de ambos.

“A Andrade Gutierrez mantém o compromisso de colaborar com a Justiça. Além disto, tem feito propostas concretas para dar mais transparência e eficiência nas relações entre setores público e privado”, manifestou-se, por meio de nota, a empresa.

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