Data de eleição na Câmara causa impasse entre deputados

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/07/2016 10h14
Brasília - Presidente interino da Câmara, Valdir Maranhão, durante pronunciamento na sala de reuniões da presidencia da Casa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Presidente interino da Câmara dos Deputados

A data da eleição para sucessão do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara se transformou em uma queda de braço entre o presidente interino, Waldir Maranhão (PP-MA), e o Centrão, bloco formado por 13 partidos. Maranhão passou por cima da decisão do colégio de líderes e manteve a sessão para quinta-feira. Os partidos alinhados ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) querem sessão na terça-feira.

O imbróglio é de interpretação regimental. Maranhão e seus aliados dizem que o regimento dá ao presidente em exercício o poder de decidir data e hora do pleito e que o colégio de líderes só poderia se sobrepor ao presidente se ele não convocasse a sessão. “De acordo com o regimento e a Constituição, a presidência tem a prerrogativa de assim o fazer e faremos”, disse Maranhão, após um bate-boca no gabinete com líderes partidários que queriam fazer valer a decisão do grupo. Sobrou até para o secretário-geral da Mesa, Silvio Avelino, que foi exonerado por autorizar a publicação no Diário da Câmara da decisão do colégio de líderes.

A manutenção da sessão na quinta-feira gerou revolta entre os que defendem a eleição antecipada. A avaliação é que ao manter a sessão para o fim da semana, Maranhão trabalha com a possibilidade de não ter quórum e assim deixar a sucessão na Casa para agosto, prolongando sua permanência no cargo. “Tentam levar a sessão para quinta-feira para que ela não aconteça”, acusou o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS).

Marun diz acreditar que há em curso uma manobra para que a eleição só aconteça depois do recesso parlamentar para prejudicar o governo Michel Temer, que tem pressa na análise de projetos. Ele aposta que a posição de Maranhão tem a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu recentemente com o pepista. “É uma atitude nefasta e covarde”, acusou o vice-líder do PMDB.

Maranhão, no entanto, não deu nenhum sinal de que poderá voltar atrás e mandou retirar do plenário as urnas que estavam sendo preparadas. No fim da noite, revogou formalmente a sessão de terça-feira definida pelos líderes, alegando que eles “usurpam a competência” da presidência.

Os líderes do Centrão, contudo, não desistiram de antecipar a votação e solicitaram uma reunião da Mesa Diretora da Casa para segunda-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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