Delator da Lava Jato diz que pagou campanha do PT

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/06/2016 09h28
Rio de Janeiro - O empresário Zwi Skornicki (camisa vermelha), preso preventivamente na 23ª Fase da Operação Lava Jato, suspeito de operar pagamento de propinas em negócios com a Petrobras, é transferido da Polícia Federal, na Praça Mauá, para Curitiba (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil O empresário Zwi Skornicki

O lobista Zwi Skornicki, apontado como operador de propinas pela Operação Lava Jato, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Preso desde 23 de fevereiro deste ano, Skornicki repassou US$ 4,5 milhões para a conta secreta na Suíça do marqueteiro do PT João Santana, preso com a mulher, Mônica Moura, em Curitiba.

Informação veiculada, nesta quarta-feira (8), no site do jornal O Globo, diz que o novo delator revelou que o valor foi solicitado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para ajudar a financiar a campanha de reeleição de Dilma Rousseff.

Entre 2013 e 2014, Skornicki recebeu comissões milionárias pelo seu trabalho de intermediador de contratos das empresas Queiroz Galvão, Iesa, Saipem, Ensco e UTC, as quatro primeiras negam irregularidades. Há ainda pagamentos regulares por outras que não são alvo da Lava Jato, como a Siemens, Doris, Megatranz, Frasopi e Sotreq.

A força-tarefa chegou aos US$ 4,5 milhões transferidos pelo lobista para João Santana analisando os recebimentos da conta mantida por ele no Banque Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance SA. Ao todo, foram identificados nove depósitos na Shellbill, que passaram pela agência do Citibank de Nova York, tendo como pagador contas de outra offshore, a Depp Sea Oil, que pertence a Skornicki. Ele é réu em ação penal na Lava Jato.

A força-tarefa aponta propinas nos contratos da Petrobras com a empresa de Cingapura Keppel Fels e também nos contratos da Sete Brasil com o estaleiro da Keppel, às quais teriam somado US$ 216 milhões em propinas.

No caso da petrolífera, foram apontadas propinas de 1% para a Diretoria de Serviços, atingindo o montante de R$ 30,4 milhões nos contratos de construção das plataformas P-51, P-52, P-56 e P-58, em 2003, 2004, 2007 e 2009, respectivamente. Apesar de firmados com a Diretoria de Exploração e Produção, segundo o MPF, os contratos envolveram pagamentos de propina à área de Serviços, pela qual passavam os contratos e se transformava na cota a ser sacada pelo PT.

Desse porcentual, metade ia para a “casa”, referência ao então diretor Renato Duque e ao gerente Pedro Barusco, ambos presos e condenados na Lava Jato, e a outra metade para o PT, via Vaccari. Nessa acusação, porém, o MPF diz que parte da propina devida ao partido foi descontada por meio de pagamentos à conta Shellbil, mantida por Santana e Mônica na Suíça e que só foi declarada após a Lava Jato. Esses pagamentos da Keppel teriam sido intermediados por Skornicki.

Defesas

Em nota divulgada por sua assessoria, a presidente afastada rechaçou o que chamou de “insinuação” de que teria conhecimento do suposto pedido de Vaccari para Skornicki. “É público e notório que o tesoureiro da campanha da reeleição foi o ex-ministro Edinho Silva. Ele é quem tratava da arrecadação para a campanha em 2014. Todas as doações de empresas foram legais e estão na prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral”, diz a nota, que fala em “campanha caluniosa de uma parte da imprensa contra a honra” de Dilma.

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de Vaccari, rechaçou a denúncia de Zwi Skornicki. “Inicialmente, eu afirmo que isso não procede. Não passa de palavra de delator, sem nenhuma comprovação ou credibilidade. Até porque o sr. Vaccari era tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, jamais tendo funcionado como tesoureiro de campanha de quem quer que seja.”

A reportagem não localizou o advogado André Augusto Mendes Machado, que defende o lobista, bem como a defesa dos outros citados.

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