Após depoimento de Moro, PGR solicita que PF ouça ministros e faça novas diligências

  • Por Jovem Pan
  • 04/05/2020 16h46 - Atualizado em 04/05/2020 17h04
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo O agora ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública do Brasil, Sergio Moro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou, nesta segunda-feira (4), ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas diligências e depoimentos no inquérito que apura as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro.

O pedido é direcionado ao decano do STF, ministro Celso de Mello. As novas oitivas devem ser realizadas dentro do prazo de cinco dias úteis, contados a partir da data de intimação.

Neste sábado, Moro depôs por quase 9 horas na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba. O procurador-geral da República, Augusto Aras, pede que sejam ouvidos agora os ministros Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) e Braga Netto (Casa Civil). Além deles, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também aparece no pedido de “esclarecimento dos fatos”.

Aras solicita ainda uma cópia da filmagem de uma reunião em que o ex-ministro da Justiça esteve presente ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Nela, realizada no último dia 22 no Palácio do Planalto, estiveram também ministros, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e presidentes de bancos públicos, segundo o pedido.

São solicitados também comprovantes de autoria das assinaturas da exoneração de Maurício Valeixo, publicada no Diário Oficial da União (DOU), além de “eventual documento com pedido de exoneração, a pedido, encaminhada por Valeixo ao presidente”. No DOU, a exoneração de Valeixo contou com a assinatura de Moro, mas ele afirmou que não assinou o documento.

A solicitação incluí a oitiva de delegados da PF, incluindo Ramagem, para que prestem esclarecimentos sobre “eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do Presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes”.

A PGR também inclui um pedido de análise do celular de Moro, ” bem como um relatório das mensagens de texto e áudio, imagens e vídeos”.

Ao deixar o ministério, Moro fez graves acusações ao governo Bolsonaro. Segundo ele, o presidente teria interferido politicamente no comando da PF ao indicar o nome de Alexandre Ramagem, amigo da família, para a diretoria-geral da corporação. As alegações levaram o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, a suspender a nomeação. Nesta segunda, Bolsonaro nomeou Rolando Alexandre de Souza para o cargo. 

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