Dilma completa 6 meses de 2º mandato com apoio mínimo e inflação em alta

  • Por EFE
  • 01/07/2015 13h54
EFE/Stephanie Lecocq Dilma atende à imprensa após sessão na cúpula União Europeia-Celac em Bruxelas

A presidente Dilma Rousseff completou nesta terça-feira (30) os primeiros seis meses de seu segundo mandato com apenas 9% de aprovação ao seu governo e um índice de inflação próximo disso, o qual reflete o delicado momento político e econômico do país.

O crescente descontentamento da sociedade com o segundo mandato da presidente, que começou em 1º de janeiro, foi registrado em uma pesquisa divulgada hoje pelo Ibope.

Segundo o Ibope, 21% dos entrevistados consideram este novo mandato “regular” e 68% “ruim ou péssimo”.

O resultado da pesquisa é parecido com outro divulgado há dez dias pelo Datafolha, que indicou a taxa de aprovação do governo em 10%, e um índice de rejeição de também 68%.

O Ibope explicou que dois dos fatores que provocaram esse mal-estar são a inflação e o medo do aumento do desemprego.

De fato, a inflação no país está em curva ascendente desde o ano passado e nos primeiros cinco meses de 2015 alcançou uma taxa de 5,34%, com variação anualizada (de maio a maio) de 8,47%.

Segundo analistas do mercado financeiro, a inflação será este ano de pelo menos 9%, embora temam que a taxa chegue aos dois dígitos.

O mercado de trabalho também registra uma constante deterioração e, segundo dados oficiais, a taxa de desemprego ficou em 6,7% em maio, sua quinta alta consecutiva.

Esses dois fatores afetam principalmente as classes mais baixas da sociedade, que concentram a base de apoio a Dilma, reeleita em outubro com 51,64% dos votos.

Segundo os analistas, as altas do desemprego e da inflação estão relacionados ao desequilíbrio nas contas públicas em 2014, quando registraram um déficit de cerca de US$ 10,5 bilhões e fecharam em vermelho pela primeira vez em 13 anos.

Para enfrentar essa situação, o governo começou a aplicar um severo e impopular programa de ajuste fiscal, que incluiu um duro corte no orçamento deste ano e medidas para aumentar a arrecadação pela via tributária.

Nesse complicado cenário, o próprio governo reconheceu que a economia encolherá este ano 1,1%, embora o mercado financeiro estime que a contração do PIB chegue a 1,5%.

A popularidade de Dilma também foi minada pelo escândalo de corrupção na Petrobras, que tem perdas no esquema estimadas em US$ 2 bilhões na última década, como concluiu uma auditoria independente contratada pela própria empresa.

Tanto o clima político como o econômico geraram uma onda de descontentamento geral e críticas à presidente, que inclusive foi vítima de “fogo amigo”.

Um dos que exigiu publicamente que o governo “corrija” seu rumo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Dilma.

Dilma “ganhou as eleições em 26 de outubro e desde então não deu uma só notícia boa ao país”, se queixou Lula em um recente evento com líderes religiosos.

Ao mal-estar admitido por Lula se soma o de setores do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, onde surgiram vozes dissidentes que puseram em dúvida a manutenção do apoio ao governo.

Já a oposição chegou a cogitar pedir o impeachment da presidente ao atribuir à presidente responsabilidade pelo escândalo na Petrobras.

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