Dinheiro da corrupção de Cabral era tanto que virou transtorno, revela doleiro

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/07/2017 09h12
FOTO CARLOS MAGNO / IMPRENSA RJ "Comecei a não dar conta do serviço. O esquema ficou grandioso para mim", disse Chebar, que confirmou ter operado para Cabral o dinheiro de corrupção no período de 2007 a 2014- período em que o peemedebista foi governador do Rio.

O volume de dinheiro obtido pelo esquema de corrupção supostamente comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) cresceu tanto que virou um transtorno para quem se encarregava dele no País. Foi o que revelou, ontem, o doleiro Renato Chebar ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas.

O depoente contou que o peemedebista chegou a ter, em contas no exterior, cerca de US$ 120 milhões (perto de R$ 400 milhões). Afirmou ainda que não tinha condições de operar em segurança com quantias tão altas como as que passou a receber depois que Cabral virou governador, em janeiro de 2007.

“Comecei a não dar conta do serviço. O esquema ficou grandioso para mim”, disse Chebar, que confirmou ter operado para Cabral o dinheiro de corrupção no período de 2007 a 2014- período em que o peemedebista foi governador do Rio.

Em seu depoimento, Chebar contou ao juiz que recebia de operadores de Cabral, em seu escritório no Rio, dinheiro vivo, que convertia em crédito em contas no exterior. As operações já aconteciam antes de o peemedebista ser governador. Segundo Chebar, que é economista, a entrada de dinheiro, até então, era de cerca de R$ 150 mil mensais. A partir de 2007, aumentou muito Passou a variar de R$ 450 mil a até R$ 1 milhão por mês.

“Neste período, fiquei com medo de guardar aquele dinheiro todo. Como ia transportar com segurança? Eu não tinha um esquema de segurança, carros fortes. Era um esquema muito maior do que eu tinha condição. Não tinha como buscar e andar no Rio com esse dinheiro. Deus me livre… Terceirizei e subcontratei”, disse o operador, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Chebar afirmou que não costumava fazer perguntas sobre a origem do dinheiro, mas prestava contas a Cabral três vezes ao ano, no apartamento do peemedebista no Leblon, na zona sul da capital fluminense. Já a Carlos Miranda, operador de Cabral também preso, as prestações eram três vezes por semana. Interrogado ontem na 7ª. Vara, Miranda optou por exercer o direito legal de não responder às perguntas e não se autoincriminar.

Defesa

O advogado de Cabral, Luciano Saldanha Coelho, disse à reportagem que a defesa do ex-governador só vai se manifestar nos autos sobre as afirmações dos irmãos Chebar.

Interrogado na véspera, Cabral repudiou as acusações de que teria recebido 5% do valor dos contratos de obras no Estado, durante seu governo. Atribuiu as quantias que recebeu ilegalmente sobras de recursos para eleições.

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