Dois terços dos novos prefeitos já mudaram de partido

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/01/2017 13h17
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Nelson Jr./ ASICS/TSE Nelson Jr./ ASICS/ TSE Urnas eletronicas para segundo turno

Jefferson Ferreira Gomes, que tomará posse hoje como prefeito de Comodoro, vai administrar um município com área similar ao do Estado de Sergipe, mas com menos de 20 mil habitantes, na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. Na campanha eleitoral, apesar das dificuldades de locomoção – ele usa uma cadeira de rodas há cerca de 20 anos, por causa de um acidente de carro -, Gomes teve de percorrer as mais de 60 aldeias indígenas da região em busca de votos.

O apoio de chefes tribais foi importante para o sucesso eleitoral. Mas foram outros caciques – os do mundo político – que influenciaram a migração de Gomes por seis diferentes partidos nos últimos dez anos.

Não se trata de um caso isolado. A fidelidade a um único partido não é uma característica da imensa maioria dos prefeitos que tomará posse hoje. Análise do Estadão Dados revela que dois em cada três dos eleitos já trocaram de legenda ao menos uma vez em sua carreira política. Os números mostram ainda que, depois do primeiro ato de infidelidade, uma parcela substancial reincide na prática. Mais de um quarto dos prefeitos eleitos já passaram por três partidos ou mais.

O novo prefeito de Comodoro é um dos líderes no ranking nacional do troca-troca. Empatados com ele, com filiações a seis diferentes legendas, estão os novos governantes de Caratinga (MG) e Rio Largo (AL), respectivamente Welington Moreira de Oliveira e Gilberto Gonçalves da Silva.

Para o cientista político Vitor Oliveira, é o pragmatismo que orienta as trocas de partido dos prefeitos, principalmente nos municípios menores. As filiações, neste contexto, fariam parte de acordos para maximizar as chances de vitória nas urnas e, em um segundo momento, de obtenção de verbas para governar.

Jefferson Gomes é um exemplo típico. Segundo seu relato ao Estado, a entrada na política se deu por convite de um deputado estadual interessado em ampliar suas bases na região. Daí resultou a primeira filiação ao PPS, em 2006.

Já no ano seguinte, porém, o PPS ficou sem nenhum deputado na Assembleia Legislativa. Gomes seguiu então para o PR e o PRB, em 2007 e 2008. Em 2011, há registro de três filiações, de novo ao PPS, ao PT e ao PR – as duas últimas, em um intervalo de apenas quatro dias. Gomes alega que sua filiação ao PT se deu à sua revelia, com documentos falsos. “Em 2013 veio um convite de um deputado do PROS”, disse ele, então vereador. “Fiquei muito feliz, com total liberdade para trabalhar.” A felicidade, porém, foi passageira: em março deste ano, Gomes aderiu ao DEM, partido pelo qual foi eleito prefeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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