Dono de jato de Eduardo Campos fecha delação premiada

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/01/2017 09h08
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A viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, fala pela primeira vez após a morte do ex-governador de Pernambuco em reunião com a cúpula do PSB. João Lyra, atual governador do estado (Fernando Frazão/Agência Brasil) Imagem Fernando Frazão/Agência Brasil João Lyra - ABR

Apontado pela Polícia Federal como responsável por entregar propina de empreiteiras ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) – morto em um acidente de avião, em agosto de 2014 -, o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, conhecido como João Lyra, assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Turbulência. Lyra se apresentou formalmente como o único comprador do avião que caiu em Santos (SP).

O acordo ainda precisa ser homologado pela Justiça e João Lyra deve prestar depoimento nas próximas semanas. Além dele, também optaram pela delação Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. Os três empresários pernambucanos foram alvo da Turbulência, responsável por investigar o arrendamento da aeronave Cessna Citation PR-AFA que caiu em Santos (SP) e vitimou o então candidato Eduardo Campos. 

A reportagem apurou que além dos fatos envolvendo o avião, João Lyra negociou com os investigadores o detalhamento de todas as transações financeiras realizadas por seu grupo cujos valores são oriundos de superfaturamento de obras públicas e de esquemas envolvendo empreiteiras e o governo de Pernambuco.

Para chegar aos verdadeiros proprietários do jatinho, os investigadores identificaram empresas de fachada supostamente utilizadas para lavar e escoar dinheiro oriundo de obras públicas para campanhas políticas. Foram investigados repasses da Camargo Corrêa e da OAS que teriam origem em desvios praticados em obras da Petrobras em Pernambuco e na transposição do Rio de São Francisco. Parte das informações foi compartilhada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Na denúncia oferecida pelo MPF contra 18 pessoas envolvidas no caso, o MPF apontou que os três empresários lideravam o grupo criminoso que lucrava com “a prática de agiotagem”, lavagem de dinheiro proveniente de superfaturamento de obras públicas e pagamento de propina para agentes públicos. Apesar de a primeira denúncia ter sido arquivada, a investigação continua e deve dar origem a novas denúncias. 

À época da deflagração da Turbulência, o PSB, do qual Campos era presidente, reiterou a sua confiança na “conduta sempre íntegra do ex-governador” e “o apoio incondicional ao trabalho de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, esperando que resulte no pleno esclarecimento dos fatos”. A Camargo Corrêa afirmou que a empresa foi a primeira a colaborar e que segue à disposição da Justiça. Procurada, a OAS não respondeu até a conclusão desta edição.

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