Dr. Jairinho é indiciado por tortura contra filha de ex-namorada

À polícia, a criança narrou diversos episódios de violência, como as situações em que teve um saco plástico enfiado em sua cabeça e seu corpo pisoteado dentro de uma piscina

  • Por Giullia Chechia Mazza
  • 30/04/2021 16h45 - Atualizado em 30/04/2021 16h58
VITOR BRUGGER/AM PRESS&IMAGES/ESTADÃO CONTEÚDO Dr Jairinho algemado e cercado pela polícia DCAV pediu a prisão preventiva de Jairinho pelo caso

O vereador Dr. Jairinho (sem partido) foi indiciado nesta sexta-feira, 30, pelo delegado Adriano Firmo França, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), por torturar a filha de uma ex-namorada. Apesar das agressões contra a criança não estarem ligadas diretamente à morte de Henry Borel, elas foram relatadas à Polícia Civil em depoimentos prestados pela mãe e avó desta outra vítima durante o inquérito que apura o óbito do menino de 4 anos. Os relatos foram encaminhados à especializada, que conduziu as investigações e pediu a prisão preventiva do parlamentar. Apesar do pedido de prisão, o vereador já está preso desde 8 de abril por atrapalhar as investigações que apuram a morte de seu enteado Henry, da qual é suspeito.

Na DCAV, a vítima foi ouvida e confirmou as violências. Ela é filha de uma cabelereira que manteve um namoro com Jairinho entre 2010 e 2014. Atualmente com 13 anos, a menina relatou que teve a cabeça batida por Jairinho contra a parede do box de um banheiro. Além disso, ela também disse que já teve um saco plástico enfiado em sua cabeça e, em outra circunstância, foi pisada pelo então padrasto nos fundos de uma piscina para que não conseguisse levantar e respirar. Segundo o depoimento prestado pela avó da criança aos investigadores, quando questionou o vereador sobre um machucado na testa da neta, recebeu como resposta a afirmativa de que o ferimento teria sido provocado por uma batida no console do carro após uma freada brusca durante a ida a um shopping. A avó também relatou que a menina apresentava comportamentos estranhos, como no episódio em que agarrou-lhe forte, chorando e vomitando, pedindo para que não a deixasse sair sozinha com Jairinho. De acordo com a mãe da menina, cerca de oito meses após as agressões, ao assistir um programa de televisão sobre casos de violência doméstica, a criança revelou que era agredida.

A semana foi agitada para o vereador. Nesta quinta-feira, 29, ele foi transferido para uma cela comum do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. Desde o dia de sua prisão, Jairinho estava em uma cela individual, onde ficam os presos que possuem diploma de curso superior e também detentos com envolvimento em investigações da operação Lava Jato, como o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Finalizado o período de quarentena em isolamento devido à pandemia de Covid-19, a partir de agora, ele dividirá o espaço com outros detentos.

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