‘Duvido que o STF vai obrigar alguém a tomar a vacina’, diz Bolsonaro
PDT acionou a Corte para assegurar que o entendimento sobre a questão seja competência dos Estados e municípios, e não do governo federal
A obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 poderá ser votada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), desde que o assunto virou polêmica após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que é contra a imunização compulsória, travando uma guerra com governadores como João Doria (PSDB-SP). O PDT, por exemplo, já acionou a Corte para assegurar que o entendimento seja competência dos Estados e municípios, e não do governo federal. Em transmissão ao vivo feita pelas redes sociais nesta quinta-feira, 22, Bolsonaro disse que “duvida que a Justiça vá obrigar alguém a tomar a vacina”, e voltou a chamar Doria de “aprendiz de ditador”.
“Governador está buscando maioria no cenário estadual para entrar com uma ação no STF para que cada estado determine se a vacinação será obrigatória ou não. Não sei se o STF vai decidir dessa maneira. Dá para imaginar obrigar alguém a tomar a vacina?”, questionou o presidente. “A pandemia serviu para revelar os aprendizes de ditadores, figuras nanicas, hipócritas, idiotas e boçais achando que mandam no estado deles, vai tomar vacina, vai tomar você, vacina e o que bem entender. Duvido que a Justiça vá obrigar alguém a tomar a vacina”, continuou.
Bolsonaro questionou, ainda, a sinalização que havia sido feita no início da semana de que o Ministério da Saúde compraria 46 milhões de doses da vacina Coronavac para o governo federal, o que posteriormente foi negado pelo próprio presidente. O episódio gerou ruído entre ele e o ministro Eduardo Pazuello, que se reuniram nesta quinta em um vídeo para esclarecer supostas “mágoas” que teriam restado da decisão. “Um manda e outro obedece”, diz o ministro nas imagens. “Queriam que ele comprasse 100 milhões de doses da vacina da China que não está pronta ainda, que não foi certificada pela Anvisa. Quanto custaria aquilo ali? Porque também tem um vídeo do governador [Doria] falando que venderia o Estado [de São Paulo] todo para a China”, disse o presidente na live.
O mandatário, que já repetiu várias vezes que “enquanto for presidente, a vacina não será obrigatória”, afirmou que o imunizante ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e que ele “não manda nas agências”. “A vacina tem que ser aprovada pela agência, e eu não mando nas agências, elas são independentes. A Anvisa não é subordinada a mim, quem indica para a sabatina [os integrantes] sou eu, mas só isso. Só tenho a tecer elogios para a Anvisa, e o [Antônio] Barra falou que não vai correr, não vai ser em 72 horas que ele vai autorizar a distribuição [da vacina] no Brasil, até porque a responsabilidade é enorme”, disse Bolsonaro. O presidente complementou, ainda, que se “alguém se contaminar e morrer” por causa do imunizante contra a Covid-19, a “responsabilidade será dos governadores”.
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