“É um tríplex Minha Casa Minha Vida”, diz Nilo Batista em defesa de Lula

  • Por Agência Estado
  • 01/02/2016 19h02
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Reprodução Condomínio Solaris

Integrante da equipe de defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o criminalista e ex-governador do Rio Nilo Batista classificou de “factoides” as suspeitas de que o petista tenha sido proprietário oculto de um tríplex no Guarujá e se beneficiado da obra da construtora Odebrecht em sítio frequentado por ele em Atibaia. “É um tríplex Minha Casa Minha Vida”, disse Batista, para quem o serviço no sítio não passou de “um puxadinho com corredor e quatro quartos”.

De acordo com Batista, que governou o Estado do Rio em 1994, quando o governador Leonel Brizola se desincompatibilizou para disputar a Presidência da República, “o presidente (Lula) se dá conta de que é uma luta antes de mais nada política e sente ser injustiçado e achincalhado sem ter feito nada”.

“Tem candidato a presidente com apartamento na Vieira Souto (avenida valorizada na orla de Ipanema, zona sul carioca). Este de Guarujá é um tríplex Minha Casa Minha Vida, coisa modesta”, comparou o advogado, sem citar diretamente o tucano Aécio Neves, que perdeu a disputa presidencial para Dilma Rousseff em 2014. Na época da campanha, Aécio morava com a mulher e os filhos em um apartamento na Vieira Souto, de frente para a praia.

Segundo Batista, a mulher de Lula, Marisa Letícia, comprou cotas da cooperativa Bancoop para o empreendimento do Condomínio Solaris, no Guarujá. O condomínio foi assumido pela empreiteira OAS depois que a Bancoop quebrou. Batista diz que Leo Pinheiro, ex-presidente da empresa Leo Pinheiro investigado na Operação Lava Jato, foi quem teve a iniciativa de reformar o apartamento que caberia ao casal Lula da Silva e que o petista nunca soube do custo da obra. 

Para Batista, é natural que presidentes de empresas tenham contato direto com o ex-presidente. “Se o Lula for comprar um sabonete na Granado, o presidente vai querer atendê-lo. Lula fez muitos amigos não só na indústria da construção civil, mas no agrobusiness, no setor automotivo, na siderurgia, no empreendedorismo financeiro. Lula conversa com Leo Pinheiro, mas desde o primeiro momento achou o apartamento inadequado” disse o advogado.

O ex-presidente achava que seria muito assediado e não teria condições, por exemplo, de fazer um passeio na praia, afirmou o criminalista. “Dona Marisa foi lá (no apartamento em obras) duas vezes. Leo Pinheiro fez obras por iniciativa própria. Lula nunca soube o preço das obras. No fim do ano passado, dona Marisa desistiu da compra”, acrescentou.

Sobre obras no sítio em Atibaia frequentado por Lula e Marisa, que teriam sido pagas e executadas pela empreiteira Odebrecht, Batista disse ser possível que “algum amigo empresário tenha ido visitar (Lula) e achado que devia fazer obras”. “Mas está é uma questão entre particulares”, sustentou. O advogado afirmou que ainda está reunindo mais informações sobre o sítio, mas minimizou a importância da obra. “É um puxadinho com corredor e quatro quartos.”

Batista criticou a ex-dona de uma loja de materiais de construção que disse que a Odebrecht gastou cerca de R$ 500 mil na obra do sítio, por não ter emitido notas fiscais em nome da empreiteira. Patrícia Fabiana Melo Nunes, antiga dona do Depósito Dias, disse à “Folha de S. Paulo” que recebia pagamentos em dinheiro vivo e que emitiu recibos em nome de outras empresas, mas afirmou ter certeza de que eram ligadas à Odebrecht. Parte do material, segundo ela, foi vendida sem registro fiscal. “Se ela tivesse as notas, teríamos hoje o valor integral da obra”, afirmou Batista. 

O criminalista ironizou a notícia, também publicada pela “Folha de S. Paulo”, de que Marisa comprou um barco, no valor de R$ 4 126, em setembro de 2013, e mandou entregá-lo no sítio em Atibaia, o que comprovaria a ligação de Lula com a propriedade.

“Será que o erro foi ter mandato o bote para um açudezinho? Será que ela deveria ter mandado para o apartamento em São Bernardo (onde vivem Lula e Marisa) e botado flores dentro?”, questionou o advogado, que se incorporou à defesa do ex-presidente em dezembro passado e disse não cobrar honorários pela causa.

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