Em anotações, atirador de Campinas cita vontade de ‘fazer algo grande’
Novos trechos de anotações do atirador que matou cinco pessoas na Catedral Metropolitana de Campinas, divulgados nesta sexta-feira (14), mostram que ele tinha vontade de “fazer algo grande” para chamar a atenção do Estado e chega a mencionar um “massacre”. Euler Grandolpho, de 49 anos, se suicidou após ser cercado pela polícia.
O ataque à igreja aconteceu na segunda (10), durante uma missa. Nos textos analisados por investigadores, ele fala em “carregar a CZ”, uma referência à pistola semiautomática de calibre 9 mm que usou nos assassinatos. O material foi encontrado no quarto de Grandolpho, na casa da família, em Valinhos, no interior de São Paulo.
Para o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da região de Campinas, delegado José Henrique Ventura, as datas indicam que o criminoso possuía a arma há mais de um ano. “As munições também são antigas, indicando que ele podia estar preparando isso [o ataque] há algum tempo”, disse. A causa do ataque ainda não foi descoberta.
‘Estado negou, família negou’ ajuda
Euler Fernando Grandolpho, nessa espécie de diário, reclamava de uma suposta perseguição e da falta de ação da polícia contra os responsáveis, cuja identidade não apontava. “Infelizmente elas só param com ajuda profissional (o Estado negou, minha família negou) ou com um massacre”, escreveu, referindo-se às supostas perseguições.
Após criticar familiares, que chamou de “deficientes mentais”, ele anotou: “Tenho que fazer algo ‘grande’ p/ q isso provoque a necessidade do ‘estado’ fazer uma investigação rigorosa do q. aconteceu e quem são os verdadeiros culpados.” Em outro trecho das anotações, o atirador cita a sigla de um jogo de tiros. “Comecei a ver live ‘PUBG’. Depois de +/-3 minutos elas invadem e começam a interferência (escandalosa, por sinal) Depois de uns dez minutos, levantei e fui carregar a CZ. Pararam na hora.”
Quadro psicótico
Conforme o delegado, as novas informações descobertas pela polícia reforçam a tese de que o atirador apresentava “quadro psicótico” e tinha mania de perseguição. “Ao que tudo indica, ele foi construindo uma história na cabeça com o passar dos anos. Ele precisava fazer algo que comprovasse a história da perseguição de que se dizia vítima.”
Segundo o delegado, durante a varredura no quarto, foram encontrados também artigos de jornais sobre suicídio e depressão, além de uma porção de maconha. A investigação está consultando instituições de saúde mental onde, possivelmente, o atirador passou por atendimento, conforme informações de familiares. “Até o momento não foi encontrado nenhum registro disso”, afirmou.
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