Em direção oposta a Pazuello, Queiroga defende ‘união com base na ciência’ para enfrentar a Covid-19

Ministro escolheu o nome de Carlos Carvalho, médico anticloroquina, para coordenar a nova Secretaria Especial de Combate à Pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2021 13h57 - Atualizado em 25/03/2021 17h27
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 24/03/2021 Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante pronunciamento O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, visitou o Incor nesta quinta-feira, 25

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira, 25, durante visita ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor), que o combate à pandemia do coronavírus deve ser guiado pela ciência. “É necessário a união de todos com base na ciência, com base no humanismo, para que consigamos superar essas dificuldades”, disse o ministro. Também estavam presentes na visita o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Ao lado de Ribeiro, Queiroga afirmou que o compromisso do Estado brasileiro com a saúde e a educação é “constitucional” e que está entusiasmado com a perspectiva de trabalhar com o ministro da Educação para fortalecer o Sistema Único Brasileiro (SUS). “É através da educação e da saúde que nós vamos fortalecer o nosso SUS para levar políticas públicas que tenham concretude para ajudar a nossa sociedade.”

A fala do novo ministro, pregando medidas com base na ciência e na união, vai de encontro com o posicionamento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Na quarta-feira, 24, em seu primeiro pronunciamento como ministro, Queiroga anunciou a criação da Secretaria Especial de Combate à Pandemia e assegurou que a nova pasta será coordenada por um “núcleo técnico”. Entre os nomes para compor a secretaria, está o do professor de pneumologia da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho. “Nós constituímos, dentro da secretaria, um núcleo técnico, que vai ser coordenado pelo professor Carlos Carvalho, titular da Universidade de São Paulo, que vai coordenar os protocolos assistenciais”, disse o ministro. A escolha de Carvalho, que é abertamente contra o uso da cloroquina para a Covid-19, representa mais uma mudança na direção da pasta.

O novo ministro anunciou o nome de Carvalho justamente quando respondia uma pergunta sobre o uso do medicamento. “Não existe nenhum protocolo clínico e diretriz terapêutica no ministério ratificando uso de medicação. O que não há, no caso dessa doença, é tratamento específico para bloquear a replicação viral. Vários estudos têm sido realizados, estudos com metodologia própria, que ainda não mostraram eficácia”, respondeu. “A minha opinião é que temos que olhar para frente e buscar o que existe de comprovado. E é isso que o Ministério da Saúde vai fazer”, concluiu. O professor escolhido por Queiroga já criticou publicamente o “tratamento precoce” contra a doença. “A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu”, disse à BBC News. Ao O Globo, em julho de 2020, Carvalho afirmou que não há tratamento milagroso.  “A medicina não tem um tratamento que mude o curso da doença. Não há remédio que previna. A certeza que temos é o isolamento, o afastamento das pessoas e a barreira mecânica criada com o uso da máscara”, apontou.

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