Empresário que matou pai será encaminhado a hospital psiquiátrico

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/08/2018 07h37
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Reprodução/TV Globo Ricardo Antônio Novaes Carmona tem histórico de esquizofrenia refratária associado ao uso de substâncias múltiplas e já foi internado oito vezes em hospitais psiquiátricos, sendo a primeira aos 23 e a última aos 39 anos de idade

A Justiça de São Paulo atendeu a pedido da defesa do empresário Ricardo Antonio Novaes Carmona, de 42 anos, que matou o pai a facadas no dia 5 de agosto, para encaminhá-lo para tratamento em um hospital psiquiátrico. Oswaldo Carmona, de 78 anos, foi morto no interior do apartamento da família, na Vila Nova Conceição, zona sul da capital.

O juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, da 5ª Vara do Júri da Capital, analisou laudos expedidos pelo psiquiatra do indiciado, recomendando a sua imediata internação provisória. Segundo o laudo, o filho tem histórico de esquizofrenia refratária associado ao uso de substâncias múltiplas e já foi internado oito vezes em hospitais psiquiátricos, sendo a primeira aos 23 e a última aos 39 anos de idade, informou o Tribunal de Justiça paulista.

“O documento afirma também que o acusado não faz uso de drogas e álcool há mais de três anos. O Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina realizou avaliação psiquiátrica a pedido da autoridade policial e concluiu que o investigado é acometido de ‘Esquizofrenia Paranoide Resistente a Tratamento’, possuindo ‘dependências de múltiplas substâncias, atualmente em abstinência'”, descreveu a Justiça.

A defesa pediu que a internação provisória ocorra na clínica onde ele já ficou em seis oportunidades. O pedido de revogação da prisão e internação provisória teve aval do Ministério Público, que contestou o pedido da defesa de encaminhar o acusado a uma clínica de preferência da família.

O juiz decidiu, então, pela substituição da prisão cautelar, aplicando ao indiciado medida de internação provisória em clínica diversa da indicada pela defesa, “oficiando-se com urgência à Coordenadoria de Saúde do Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo para providenciar a respectiva transferência para Hospital de Tratamento e Custódia, ou, à falta, vaga em outro estabelecimento adequado, no prazo máximo de 72 horas”.

Entenda o caso

Ricardo era solteiro e morava com os pais no 10.º andar de um prédio na Praça Pereira Coutinho. Na noite de sábado, 4 de agosto, estavam só ele e o idoso no apartamento. Por volta das 21h30, ele teria ouvido vozes dizendo para matar o pai, foi até a cozinha e apanhou uma faca, conforme depôs no 14.º Distrito Policial (Pinheiros). Nessa hora, Oswaldo assistia à televisão.

Na sala, Ricardo tentou golpear o pai, que resistiu. Os dois chegaram a entrar em luta corporal, mas a vítima acabou atingida na região da face e do tórax, segundo boletim de ocorrência. O comerciante, então, jogou a faca sobre o sofá, pegou a chave do carro, um Chevrolet Cruze, e fugiu.

Foi o porteiro do edifício que alertou a família. Em depoimento, ele afirmou saber que Ricardo tinha transtorno mental e que não era comum ele sair dirigindo. Ao chegar no local, familiares encontraram marcas de sangue na sala e o corpo de Oswaldo caído

Aos policiais, Ricardo contou que dirigiu para um motel na Rodovia Anchieta, onde dormiu sozinho até as 5 horas de domingo, 5. De lá, saiu para outro motel na mesma rodovia. Ele não soube informar o nome dos estabelecimentos.

Por volta das 8 horas, dirigiu por cerca de 60 quilômetros até Mongaguá, no litoral, e ficou rodando pela cidade. Só à noite, voltou para capital. Segundo investigadores, o suspeito contou que planejava ir para um campo soçaite no Morumbi, também na zona sul, onde costumava jogar futebol, mas foi pego antes pela Polícia Militar na região de Pinheiros, na zona oeste.

Após o crime, a polícia havia emitido uma alerta com a placa do veículo – o que permitiu localizar o suspeito. Por volta das 22h40, Ricardo teria tentado furar um bloqueio, mas depois desistiu da fuga, de acordo com a PM. Aos agentes, ele teria confessado o assassinato.

No 14.º DP, o comerciante alegou problemas psiquiátricos e relatou usar quatro remédios diferentes. Também disse ter sido usuário de maconha e de cocaína, mas que estava sem consumir droga há cerca de três anos.

O pai era sócio de ao menos dez empresas que atuam com comércio de produtos como madeira, vidro e ferragens na região do Brás, na região central, e na zona oeste. Também tinha atuação na área de administração de imóveis. Algumas das empresas contavam com a participação, em sociedade, da mulher e de um filho.

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