Fiocruz diz que lotes vencidos de vacinas da AstraZeneca não foram produzidos no Brasil

Anvisa também se manifestou sobre o caso, afirmando ser responsável apenas por garantir a eficácia e a segurança dos imunizantes

  • Por Jovem Pan
  • 02/07/2021 19h31 - Atualizado em 02/07/2021 21h16
EFE/EPA/JUNG YEON-JE / Archivo Vacina de Oxford/AstraZeneca Doses de vacinas da AstraZeneca com prazo de validade vencido teriam sido aplicadas

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se pronunciou sobre a aplicação de vacinas da AstraZeneca/Oxford fora do prazo de validade. Em nota, a Fundação afirmou que os lotes apontados não forma produzidos pela instituição. Uma parte teria sido importada do Instituto Serum, da Índia, e entregue pela Fiocruz ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), enquanto que os demais foram fornecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A entidade afirmou que está ajudando as autoridades a conseguirem mais informações sobre o caso. “A Fiocruz está apoiando o PNI na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida”, disse a Fundação em nota.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também se manifestou sobre o tema, afirmando que atua na “avaliação da qualidade, segurança e eficácia” dos imunizantes e que, portanto, não é responsável pela aplicação. “Não cabem à Anvisa, assim, a aquisição, distribuição e aplicação dos imunizantes utilizados no PNI. A Agência não recebeu pedido de análise sobre a ampliação do prazo de validade da vacina da AstraZeneca ou foi consultada sobre a aplicação do produto fora do prazo definido em bula”, afirmou em comunicado. No fim da nota, a Anvisa disse ainda que as vacinas que estiverem fora do prazo de validade “não têm garantias de eficácia e segurança”.

Mais de 26 mil doses vencidas da vacina AstraZeneca foram aplicadas em 1.532 cidades brasileiras, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. O cruzamento de dados do Ministério da Saúde mostra que Maringá foi a cidade que mais vacinou pessoas com doses fora do prazo de validade: 3.536. Em seguida, Belém, São Paulo, Nilópolis, Salvador e Rio de Janeiro. Em nota, a Prefeitura de São Paulo negou. “A data de validade de todos os imunizantes passa por uma tripla checagem: no recebimento, na distribuição e na aplicação da vacina, inclusive, com a apresentação do frasco ao munícipe”, diz o comunicado. A administração municipal informou ainda que o município está fazendo um rastreamento nas doses aplicadas, com a revisão de todos os lotes e vacinas cadastradas.

Já a Prefeitura de Belém informou que não aplicou nenhuma dose vencida da vacina e que as informações são equivocadas. Afirmou ainda que, no dia 2 de fevereiro de 2021, recebeu um lote 9.910 doses com validade para o dia 14 de abril, que foi utilizado dentro do prazo. Maringá, no interior do Paraná, também desmentiu as acusações. Segundo o prefeito da cidade, Ulisses Maia (PSD), ocorreu um erro no sistema do SUS. “O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento”, disse nesta sexta-feira, 2, pelas redes sociais.

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