“Fiquei em choque, não consegui gritar”, diz mulher assediada em março em SP
Uma mulher assediada na Avenida Paulista em março deu um depoimento sobre o que sentiu na ocasião. “Estava voltando da faculdade. Era por volta das 20h e o ônibus não estava muito cheio. Eu me sentei ao lado de um rapaz de fone de ouvido e lia, ironicamente, “As Boas Mulheres da China”, um livro que fala da violência contra as chinesas. Reparei que ele estava sentado mais à frente e, perto de uma parada, se levantou e ficou em pé do meu lado, com uma mochila na frente. Lembro que eu estava de decote e não fiquei confortável com ele ali e até coloquei o livro no colo, com medo de que estivesse olhando”.
“Vi que ele estava mexendo na mochila, achei que fosse dentro, mas não era. Fiquei olhando para a janela, mas de repente senti uma coisa no meu ombro, no meu braço”.
“Olhei e ele estava passando o pênis em mim. Fiquei em choque, não consegui gritar. Fui correndo falar para o motorista que fui assediada, para fechar as portas e chamar a polícia. Não conseguia gritar”.
“Ele forçou a porta e conseguiu sair. Acho que, como ele não tinha fechado a calça, não conseguiu correr direito. As pessoas do ônibus foram atrás dele, que saiu pelo meio dos carros na Avenida Paulista”.
“As pessoas começaram a gritar: ‘segura ele’, ‘estuprador’. Acho que dei ‘sorte’ por ser na Paulista, em um horário cheio de gente, porque talvez se fosse tarde da noite as pessoas não estariam dispostas a ajudar. Formou uma ‘muvuca’. Fiquei com medo de linchamento, porque estavam todos muito bravos. Não bateram, porque eu pedi. Sou contra essas coisas, acho que é vingança, não justiça”.
“Meu sentimento foi de raiva. Chorei muito, senti repulsa. Depois fiquei meio anestesiada. Fui ajudada por uma moça que estava no ônibus e ficou comigo até o fim do dia na delegacia. Ela tem mais ou menos minha idade e também já foi assediada uma vez. Fizeram a mesma coisa em um trem e ninguém a ajudou. “Naquele momento, só pensava que aquilo não poderia acontecer de novo com uma outra mulher”.
Nesta semana, outro caso na Avenida Paulista causou perplexidade Diego Ferreira Moraes ejaculou em uma passageira no ônibus em que estavam. Ele foi preso, mas liberado pela Justiça.
O pai de Diego defendeu a prisão do filho. “É perigoso que uma pessoa dessa fique solta, e o delito que ele pratica não é justo”, disse o aposentado de 65 anos, que preferiu não se identificar ao ser entrevistado pelo Jornal do SBT.
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