Focos de incêndio no Estado de São Paulo já são o dobro de 2017

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/07/2018 08h51
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Reprodução/TV Globo Pico do Jaraguá foi foco de incêndio na última semana

Pelo interior paulista, queimadas têm destruído lavouras e áreas de preservação, além de atrapalhar a rotina dos moradores. A temporada seca ainda não chegou ao seu auge, mas o Estado já sofreu mais que o dobro de focos de incêndio em relação ao ano passado. De 1º de janeiro até quarta-feira, 18, foram 1.421 focos, ante 675 no mesmo período de 2017 – alta de 111%. Já supera também este período de 2016, que teve 1.313 focos e era o maior dos últimos anos.

A seca, sentida nos baixos níveis de umidade da capital (mais informações nesta página) e observada na redução dos reservatórios de água do Estado, deixa folhas e galhos mais propícios ao fogo, na maioria das vezes causado por ação humana. Com exceção de fevereiro, os meses deste ano tiveram mais focos de incêndio que os mesmos meses de 2017, que já tinha chamado a atenção – setembro passado foi particularmente atípico, com 1 931 focos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe).

Em Presidente Epitácio, município que lidera em número de focos de incêndio no Estado – desde quarta-feira foram 89 -, os moradores têm convivido cada vez mais com o ar enfumaçado. “Tem hora que fica até difícil respirar”, contou o mecânico Jair Alcindo Cruz. Segundo ele, quando parece que o ar está melhorando, o fogo volta a atingir outras áreas da cidade, na região de Presidente Prudente.

Valdemir Garcia usou as redes sociais para protestar. “Aqui é uma estância turística que vai acabar em cinzas”, escreveu. “Tem queimadas por todo lado e no fim da tarde um cheiro insuportável invade a cidade.”

Segundo o Corpo de Bombeiros local, têm sido registrados seis ou sete incêndios por dia, mais do que anos anteriores. Alguns chegaram a tomar grandes proporções. Na noite de quarta, o fogo destruiu cerca de 40 hectares da reserva ambiental da Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar. A causa ainda é desconhecida.

Em Martinópolis, oeste paulista, um incêndio em um canavial e em áreas de preservação às margens da rodovia SP-284 destruiu, em junho, 120 hectares de cana e 24 de mata, equivalente a 180 campos de futebol. Em meio às cinzas, foram encontrados tamanduás, quatis e tatus mortos.

Sérgio Marçon, coordenador de Fiscalização Ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e responsável pela Operação Corta Fogo, afirma que diante do “caótico setembro em chamas” de 2017, o governo adotou medidas para aperfeiçoar o combate ao fogo e para preveni-lo, em especial em unidades de conservação.

Foram adquiridos 11 caminhonetes 4×4 em que é possível acoplar tanques de 3 mil litros; 4 caminhões-pipa e 3 caminhões-plataforma para transportar máquinas para fazer o aceiro. “Já tínhamos previsão que apontava para uma estiagem complicada. A matéria orgânica estava mais seca e o verão pouco chuvoso não ajudou. É só ver como estão os reservatórios. Há previsão de chuva no começo de agosto, mas se voltar a ficar sem, há risco de termos outro setembro com muito fogo.”

Para o pesquisador Alberto Setzer, coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe, ainda é cedo para imaginar como podem ser os próximos meses. Ele explica que mais de 70% das ocorrências de fogo no inverno paulista costumam ocorrer em agosto e setembro, mas afirma que o cenário é de atenção.

“Estamos com uma seca mais intensa. Há regiões no Estado que estão há mais de um mês sem uma gota de chuva”, afirma. “É normal termos anos mais ou menos secura. Por enquanto parece uma variação natural. A meteorologia não aponta a ocorrência de nada extravagante, como os fenômenos El Niño ou La Niña, mas começamos a temporada de modo preocupante”, diz Setzer.

Reservatórios

O nível do Sistema Cantareira continua caindo e chegou nesta quinta-feira, 19, a 41,3%. Há um ano, estava em 64,6%. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entre 1º de abril e 12 de julho, choveu nas bacias de captação do Cantareira só 16% da média histórica da estação seca, que vai até setembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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