“Governo está procurando uma sintonia com a realidade”, diz sociólogo
Após a presidente Dilma Rousseff anunciar nesta quarta-feira (18) um pacote de anticorrupção, na tentativa de amenizar a insatisfação popular que ela vem enfrentando, principalmente depois da manifestações do último domingo (15), uma pesquisa do Datafolha mostrou 62% de desaprovação em seu Governo.
Em entrevista Jovem Pan, o sociólogo Sérgio Fausto disse que o Governo está procurando uma sintonia com a realidade. “Até domingo, o Governo se encontrava num estado de negação da realidade. Batiam na tecla que as manifestações eram obra de uma pequena elite e, muitas vezes, as classificava como golpista”, disse.
Fausto ainda destacou outra pesquisa realizada pelo Datafolha referente à manifestação na Av. Paulista e explicou que 85% dos que estavam ali presentes se declararam favoráveis à democracia. Tal fato contrapõe, portanto, o anunciado por parte do Governo dizendo que estavam ali as pessoas que pediam o fim da corrupção e aqueles que não votaram em Dilma Rousseff nas últimas eleições.
Em resposta aos protestos, no domingo à noite os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, concederam entrevista coletiva. Sérgio Fausto a considerou uma “intervenção esquizofrênica”. “O ministro Cardozo dizia uma coisa e o ministro Rossetto dizia outra. Cardozo dizia num tom conciliatório de que o Governo estava aberto ao diálogo e o ministro Rossetto fazia um discurso para o público interno do PT”, relatou.
“Ainda é cedo para dizer que o Governo encontrou o seu caminho. O que é acontece é que o Governo parece ter parado de brigar com os fatos, porque os fatos se impuseram no domingo passado”, disse.
Sobre a perda de condições políticas para que Dilma continue seu Governo, bem como disse o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã desta quarta-feira, Fausto destacou: “essa é uma afirmação que serve para qualquer governante em qualquer lugar do mundo”.
No entanto ele relembra: “isso não quer dizer que Dilma esteja condenada a sofrer um processo de impeachment. São duas coisas distintas. Um cenário que eu vejo, até o momento, é de grande dificuldade para a presidente Dilma. Ela não encontrou uma fórmula para se livrar da enrascada que ela mesma se colocou e colocou o país junto com ela, mas eu não vejo, no momento, um processo de impeachment sendo aberto contra a presidente Dilma”.
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