Haddad: não alienaria ações de uma empresa estratégica como a Embraer

  • Por Estadão Conteúdo
  • 29/07/2018 16h29 - Atualizado em 29/07/2018 16h35
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Reprodução Facebook "Não estou dizendo que está certo ou errado, não sou especialista, mas a Embraer é um investimento de décadas dos brasileiros", disse o ex-prefeito de SP

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador de programa de governo do Partido dos Trabalhadores (PT), criticou neste domingo (29) a política econômica do governo de Michel Temer e ressaltou que o teto que limita a alta dos gastos públicos “amarra o desenvolvimento nacional”. Ele criticou ainda a mudança das regras do pré-sal e a operação de venda da Embraer, segundo ele, todas medidas sem discussão com a sociedade.

“No caso da Embraer, não estou dizendo que está certo ou errado, não sou especialista. Eu a rigor não alienaria ações de uma empresa estratégica como a Embraer”, disse ele, ressaltando que os termos do acordo não são conhecidos. “A Embraer é um investimento de décadas dos brasileiros”, disse durante sabatina no evento Conhecer – Eleições Presidenciais, realizado neste domingo na Casa de Portugal, na capital paulista.

“Espero que eles não sejam bem sucedidos nos leilões que estão fazendo”, disse o petista ao falar do pré-sal. “Defendo que a questão do pré-sal seja objeto de plebiscito.”

Haddad disse durante o evento que o erro após a reeleição da presidente Dilma Rousseff foi que ela tomou uma “decisão de política econômica equivocada”. Haddad afirmou que houve naquele momento a escolha de “um ministro da Fazenda que expressava uma ruptura com o que tinha acontecido nos últimos anos”, disse ele, se referindo a Joaquim Levy, mas sem mencionar seu nome. Haddad ressaltou que não tem nada contra ajustes, e o próprio PT teve que fazer um em 2013, mas o conduzido por Levy em 2015 foi “em dose de veneno”.

Para Haddad, a oposição se valeu dessa decisão de Dilma para aprovar uma “pauta bomba” que acabou fragilizando ainda mais a economia e o governo. “Foi um erro de escolha com uma sabotagem política que o Eduardo Cunha e Aécio Neves produziram”, disse ele, falando do então presidente da Câmara e do senador tucano.

“Temos que tentar construir uma agenda de Estado que independa do resultado eleitoral”, disse ele. “Temos que ter compromisso primeiro com a democracia”, disse ele, destacando que o governo de Michel Temer fez uma série de mudanças sem discutir com a sociedade.

Haddad tem nesta segunda-feira encontro com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Segundo o ex-prefeito, ele tem tido uma série de reuniões com o setor financeiro e deve ter reunião com a Febraban. “Tenho tido conversas com autoridades para me apropriar de dados da situação do País”, afirmou a jornalistas.

Perguntado se uma candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva teria aceitação nos meios financeiros, Haddad respondeu que “não vê motivos para não ser aceita”.

Eleições 2018: “PT não ficará isolado”

Haddad minimizou a falta de alianças do partido, até agora, para as eleições de outubro. “Não acredito que o isolamento vai acontecer, acredito que alguma aliança haverá”, disse, antes da participação no evento Conhecer Eleições 2018, sobre Ciência, Tecnologia e Educação, em São Paulo. Segundo ele, a fragmentação da esquerda se deve à “prisão injusta de Lula”.

“Se Lula fosse candidato, realmente tenho dúvidas que Ciro, Boulos e Manuela tivessem colocado suas candidaturas – com todo respeito”, afirmou. “Estariam todos reunidos em torno do Lula”, completou. Sobre a possibilidade de uma aliança com Ciro no primeiro turno, Haddad admitiu ser difícil. “Ele deu declarações recentes de que seria muito difícil”, disse.

O ex-prefeito ironizou a negativa do empresário Josué Gomes para o posto de vice na chapa do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) Segundo Haddad, a negativa ao tucano não pode ser entendida como uma vitória do PT ou da esquerda. “Foi uma vitória pessoal do próprio Josué”.

Haddad voltou a afirmar que não será candidato e que a partir do dia 6 pretende voltar a dar aulas no Insper. Para Haddad, o “apelo pelo Lula candidato vai crescer nos próximos dias”. “As pessoas querem votar no Lula”, emendou.

Haddad afirmou que o quadro eleitoral ainda é confuso, mas “eleição é encruzilhada” que vai decidir os rumos do País por décadas.

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