Hospitais afastam cirurgião acusado de deformar narizes de pacientes; médico nega erros

Alan Landecker foi afastado por Sírio-Libanês, Albert Einstein e pela rede São Luiz; ele credita infecções bacterianas aos pacientes não seguirem instruções para o pós-operatório

  • Por Jovem Pan
  • 06/11/2021 20h40
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Reprodução/Jovem Pan Veraldino O empresário Veraldino dos Santos Júnior foi um dos denunciantes do médico Alan Landecker

Os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês e a rede São Luiz afastaram o cirurgião plástico Alan Landecker, acusado por cerca de trinta pessoas de deformar os narizes delas após rinoplastias. Segundo os pacientes, eles foram acometidos por infecções bacterianas após passarem por operações realizadas por Landecker, que resultaram em deformações, perda de olfato e perfuração devido ao apodrecimento da pele. O médico nega as acusações e afirma que os problemas podem ser resultado das pessoas não seguirem as instruções para o período pós-operatório. Os hospitais abriram investigações internas sobre o caso, e o cirurgião seguirá afastado de trabalhar em suas unidades enquanto os procedimentos são realizados, segundo notas enviadas à Jovem Pan. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e a Polícia Civil paulista também investigam o caso.

O Albert Einstein informou que o caso sendo avaliado pelo Comitê Médico Executivo e um processo administrativo foi iniciado. O Sírio-Libanês afirmou o mesmo, mas ressaltou que até o momento não foram identificadas falhas em cirurgias feitas nas dependências do hospital. Já a rede São Luiz se limitou a dizer que ele foi suspenso dos hospitais Vila Nova Star e do São Luiz. Os pacientes criaram um grupo em aplicativo de mensagens para compartilhar informações sobre o caso e além dos problemas, criticam a dificuldade em acessar os prontuários médicos.

Já Landecker e sua defesa contestam as reclamações. “Há imagens que comprovam o bom resultado dos procedimentos. As complicações relatadas foram posteriores e podem ter sido consequência de não se seguir as orientações médicas. Todas elas seriam reversíveis, caso os ex-pacientes se dispusessem a cumprir os protocolos. Além disso, a grande maioria das infecções manifestou-se muito tempo após as rinoplastias — mais de 30 dias — demonstrando que podem não estar relacionadas aos procedimentos cirúrgicos”, dizem os advogados Daniel Bialski e Fernando Lottenberg. No documento, também afirmam que a decisão dos hospitais de afastá-lo foi unilateral e precipitada, baseada em reportagens da imprensa.

O empresário Veraldino de Freitas Júnior foi um dos que denunciou Landecker. Em entrevista ao programa Morning Show, da Jovem Pan, ele contou o que aconteceu com seu nariz após a rinoplastia. “Sempre havia um inchaço esquisito, uma secreção, um odor diferente. O olfato, que deixa de existir. Ele sempre me dizia que com o tempo isso ia passar. Fui aguardando, o profissional é o melhor, não iria atrapalhar a condução do caso. Começou a feder, tinha um cheiro de carniça. As pessoas começaram a sentir o cheiro. Pensava se era cirurgia ou um pouco de sangue coagulado. Ficava atrás disso, até que um dia fui ao banheiro e senti um cheiro insuportável, parecia algum bicho podre. Saí do banheiro e o cheiro me acompanhou, pensei ‘Meu Deus do céu, está podre'”, relatou, sobre o que teria ocorrido cinco meses após a operação. Veraldino ainda contou ter buscado Landecker, mas não ter recebido auxílio, e que está fazendo tratamentos experimentais com antibióticos nos Estados Unidos.

O setor regional Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-SP) se posicionou sobre o caso, pediu cautela antes das investigações serem concluídas e elogiou a carreira de Landecker. “Os casos relatados despertam preocupação pela gravidade das infecções e também por serem intercorrências cirúrgicas incomuns. Importante ressaltar que o cirurgião plástico é internacionalmente reconhecido por sólida formação e experiência no segmento, bem como os hospitais em que as cirurgias foram realizadas estão entre os mais qualificados do país. Também é necessário reforçar que haja cautela no tratamento da questão, especialmente no apontamento de eventuais responsáveis, pois apenas quando as investigações forem concluídas será possível compreender a origem das intercorrências”, disse a entidade.

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