Instituto Butantan inicia produção da ButanVac, vacina brasileira contra a Covid-19
Até o meio de junho, 18 milhões de doses do imunizante devem estar disponíveis; governador João Doria pediu ‘senso de urgência’ à Anvisa
O governo do Estado de São Paulo anunciou nesta quarta-feira, 28, que o Instituto Butantan começou a produzir a Butanvac, a primeira vacina contra a Covid-19 feita integralmente no Brasil. Neste primeiro momento, serão produzidos um milhão de doses. Estão previstos pelo menos 18 milhões até o meio de junho. Apesar de disponíveis para aplicação imediata, o governador João Doria afirmou que vai aguardar a decisão da Anvisa. Ele pediu senso de urgência à Agência de Vigilância Sanitária na aprovação da vacina e para testagem em humanos. “Menos burocracia e mais solidariedade, é o que nós esperamos da Anvisa. Seguir os critérios científicos, sim. Mas lembrar que estamos diante de uma pandemia”, afirmou o governador. “A Butanvac estará disponível, tão logo a Anvisa autorize, para salvar vidas.”
A tecnologia da Butanvac é a mesma utilizada na produção da vacina da gripe, que usa ovos de galinha, e já é dominada pelo Instituto Butantan há mais de duas décadas. “Mais um importantíssimo passo na independência científica e tecnológica”, declarou Doria. O diretor do Butantan, Dimas Covas, apresentou o cronograma para os próximos meses. Entre os dias 28 de abril e 18 de maio, estão previstas seis milhões de doses. Entre 14 de maio e 1º de junho, mais seis milhões de unidades do imunizante. Entre 28 de maio e 15 de junho deve ser finalizado o último lote, também com seis milhões de doses da Butanvac.
A previsão é de que cada ovo de galinha seja usado para produção de duas doses, mas esse número pode ser maior conforme os estudos avancem. O governador João Doria também afirmou que, para o segundo semestre, estão previstos pelo menos um total de 40 milhões de doses — podendo chegar a 150 milhões até 31 de dezembro. “Quanto mais rápido tivermos a aprovação da Anvisa, maior volume de vacina será produzido.” Dimas Covas completou dizendo que o Instituto Butantan já está trabalhando nas respostas das questões enviadas pela Agência na última terça-feira, dia 27.
“O Butantan tem um time que trabalha sete dias por semana dada a urgência da pandemia. O processo original foi submetido em 26 de março. Muitas das questões que vieram são relativas ao processo produtivo e não ao estudo clínico. Portanto, já poderiam ter sido solicitadas. Que a Anvisa faça as perguntas que deve fazer no menor prazo possível. Queremos celeridade. Estamos, do lado de cá, prontos para responder qualquer questionamento. A fábrica que está produzindo a Butanvac é certificada pela Anvisa, tem boas práticas. Produz, anualmente, a vacina da gripe que é usada em um a cada três brasileiros. A Anvisa tem elementos em mãos para fazer essa análise o mais rapidamente possível”, disse o diretor.
Vale lembrar que a produção da Butanvac não afeta em nada o cronograma da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Em São Paulo, 11.328.488 doses de vacina contra o coronavírus já foram aplicadas. Deste total, 7.238.623 são de 1ª dose e 4.089.865 são de segunda dose. De acordo com o governo estadual, não há casos e nem previsão de falta de vacina para aplicação da segunda dose no Estado. O Butantan também anunciou que vai antecipar a entrega do próximo lote de 600 mil doses da CoronaVac. Na próxima quarta-feira, dia 5, o Instituto deve entregar mais um milhão de doses ao Plano Nacional de Imunização (PNI). Dimas Covas completou dizendo que solicitou à Sinovac que o próximo lote entre ao Brasil tenha o volume dobrado — passe de 3 mil litros para 6 mil litros.
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