João de Deus é alvo de novo mandado de prisão, por posse de armas

  • Por Rafael Iglesias
  • 21/12/2018 17h06 - Atualizado em 21/12/2018 17h10
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Ed Ferreira/Estadão Conteúdo Médium já tem dois mandados de prisão preventiva decretados

O juiz Liciomar Fernandes da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás, decretou um novo mandado de prisão preventiva contra o João de Deus nesta sexta-feira (21). Agora, o médium é investigado pela posse de cinco armas de fogo, encontradas em um de seus endereços na cidade de Abadiânia (GO). O local foi alvo de buscas na quarta (19).

Na quinta (20), a Polícia Civil decidiu abrir um novo inquérito contra o líder espiritual após a localização das armas, sem registro na Polícia Federal e no Exército. Em um quarto, foram encontrados dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38, uma pistola de calibre 380 e uma garrucha de calibre 22 que tinha a identificação suprimida.

Diversas munições, algumas estrangeiras, estavam com o médium – entre elas, uma de calibre 357, de uso exclusivo das Forças Armadas. João de Deus está preso desde domingo (16), após acusações de abuso sexual feitas por mais de 500 mulheres de sete países. Entretanto, a movimentação de R$ 35 milhões acelerou a detenção.

Na decisão, o magistrado afirmou que o resultado das buscas “fundamentou” a “necessidade da decretação da prisão preventiva” do médium para “garantia da ordem pública”. Ele será acusado formalmente de posse ilegal de arma de fogo. “Ao que tudo indica, João de Deus chefia uma organização criminosa que atua principalmente na cidade de Abadiânia.”

Mala de dinheiro

Na quarta-feira, policiais localizaram uma mala com R$ 405 mil em espécie. O valor estava distribuído em diferentes tipos de moeda – como euros, pesos argentinos, francos suíços e dólares americanos e canadenses. A maior parte do dinheiro era composta por notas de real. A origem dos valores é desconhecida até o momento.

Nesta sexta, investigadores apreenderam mais dinheiro, além de pedras preciosas e medicamentos, durante buscas a mais três residências ligadas João de Deus, em Abadiânia (GO). Os valores estão sendo contabilizados. Um dos alvos desta sexta foi a Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele realizava “atendimentos” espirituais.

Acusações

O líder espiritual é acusado de abuso sexual por mais de 500 mulheres de sete países diferentes e está detido desde domingo (16), quando se entregou à polícia em uma estrada de terra de Abadiânia. Após as primeiras denúncias, João movimentou R$ 35 milhões, o que acelerou o pedido de prisão, segundo confirmou o Ministério Público.

Polícia Civil indiciou João de Deus na quinta-feira (20) por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido contra uma mulher de cerca de 40 anos em 24 de outubro deste ano, durante atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola. O inquérito, o primeiro finalizado contra o médium, será remetido ao MP.

Habeas corpus

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, pode decidir nesta sexta-feira (21) se João de Deus será ou não posto em liberdade. Cabe a ele julgar o terceiro habeas corpus apresentado por advogados do médium, a quem visitou. Para avaliar o caso, o ministro chegou a pedir informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O habeas corpus que está sendo apreciado por Dias Toffoli é o terceiro impetrado pela equipe de advogados capitaneada por Alberto Toron. Na quarta (19), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou a solicitação do advogado. Um dia antes, na terça (18), o Tribunal de Justiça de Goiás já havia indeferido outro pedido.

O terceiro pedido, apesentado na quinta, foi sorteado para o ministro Gilmar Mendes, que seria o relator. Como o judiciário está em recesso desde as 15 horas de quarta, a ação foi remetida ao gabinete de Toffoli – que, como presidente, responde pelo plantão da Corte no período. O Supremo é a última instância judicial, mas pode caber recurso à futura decisão.

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