Justiça do Rio decreta prisão temporária de três homens pela morte do congolês Moïse Kabagambe

Delegacia de Homicídios solicitou ao TJRJ que Fábio Silva, Alison Oliveira e Brendon Luz fossem mantidos presos durante a fase de inquérito policial

  • Por Jovem Pan
  • 02/02/2022 10h03 - Atualizado em 02/02/2022 14h49
Reprodução/Polícia Civil Imagem divulgada pela polícia mostra homem agredindo congolês com pedaço de pau em quiosque no Rio Polícia Civil divulgou imagens da agressão ao congolês Moïse Kabamgabe

A Justiça do Rio de Janeiro decretou nesta quarta-feira, 2, a prisão temporária de três homens suspeitos de terem espancado até a morte o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, no último dia 24, no quiosque Tropicália, no Posto 8, na Barra da Tijuca. Imagens divulgadas pela polícia, gravadas pela câmera de segurança do estabelecimento, mostram que o imigrante recebeu mais de 20 pauladas. Segundo a polícia, Moïse foi agredido após cobrar o pagamento de R$ 200 referentes aos dois dias em que havia trabalhado lá. Os três suspeitos estão presos desde terça-feira, 1º, na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que solicitou à Justiça que o trio fosse mantido preso durante a fase de inquérito policial. O pedido foi acatado pela juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, do Plantão Judiciário da capital, nesta quarta.

Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o “Dezenove”; Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”; e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo”, podem responder por homicídio duplamente qualificado, impossibilidade de defesa e meio cruel. Apesar das investigações policiais apontarem a autoria delitiva na direção dos indiciados, Isabel ressalta ser necessária a realização de diligências para a elucidação dos fatos. “A prisão temporária é espécie de medida cautelar que visa assegurar a eficácia das investigações para, posteriormente, possibilitar o fornecimento de justa causa para a instauração de um processo penal. Não se trata de prisão preventiva, obedecendo a hipóteses diversas, sendo uma espécie de prisão cautelar ainda mais restrita”, afirmou a magistrada na decisão.

Relembre o caso:

A partir de imagens obtidas por câmeras do quiosque, a polícia constatou que Moïse Kabagambe foi agredido por pelo menos 15 minutos. Os agressores usaram pedaços de madeira e um taco de beisebol no ato. A morte de Kabagambe foi descoberta pela família na terça-feira, 25, um dia após o assassinato. O congolês foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida. Familiares alegam que o jovem tinha ido no quiosque para cobrar o pagamento de dois dias de trabalho e teria sido, então, espancado até a morte por cinco pessoas. Após a repercussão do caso, o vendedor de caipirinhas Fábio Silva confessou à polícia que desferiu pauladas em Kabagambe. O homem estava escondido na casa de parentes.

Alison Oliveira, que gravou e disseminou um vídeo confessando a sua participação no assassinato, se apresentou em uma delegacia em Bangu e acabou encaminhado à Delegacia de Homicídios. “Eu sou um dos envolvidos na morte do congolês. Quero deixar bem claro que ninguém queria tirar a vida dele, ninguém quis fazer injustiça porque ele era negro ou alguém devia a ele. Ele teve um problema com um senhor do quiosque do lado, a gente foi defendê-lo e, infelizmente, aconteceu a fatalidade”, disse Oliveira em vídeo. Perto do quiosque onde ocorreu o crime, a polícia encontrou uma barra de madeira e um taco de beisebol. Moïse Kabagambe havia emigrado para o Brasil em 2014 como refugiado político, ao lado da mãe e de irmãos, fugindo da guerra no Congo.

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