Huck diz que ‘país vai implodir’ se privilegiados ‘não fizerem nada’

  • Por Jovem Pan
  • 10/09/2019 09h06
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Reprodução/Globo "Todos aqui (na plateia do evento) somos privilegiados, mas se a gente não fizer nada, este País vai implodir", diz Huck

Luciano Huck participou, na segunda-feira (9), de um evento realizado pela revista Exame, em que falou a empresários em discurso com forte peso social. O apresentador não prometeu se lançar candidato em 2022, mas disse que quer “contribuir como for possível” para o País.

“Eu quero ser um cidadão cada vez mais ativo, contribuir como for possível para tornar o País mais eficiente”, analisou. “Eu poderia continuar sendo um peixinho dourado lá no aquário, protegido pelos muros do Projac, sendo alimentado com fartura, fazer o que faço tranquilo – e gosto. Ou poderia me jogar no oceano e tentar contribuir para que Brasil seja um País melhor.”

Questionado, Huck disse não se arrepender dos movimentos feitos durante as eleições de 2018, mas ponderou que um “tsunami político” atingiu o seu dia a dia. Para ele, o movimento de renovação da política “saiu mais forte desse (último) ciclo eleitoral”. O apresentador destacou sua participação no RenovaBR e do movimento Agora, que propõem uma renovação política, e disse ter considerado os movimentos civis uma forma “mais inteligente” de contribuir para o País.

Na área econômica, Huck elogiou as ações tomadas pelo atual governo e o ministro Paulo Guedes. Segundo ele, Guedes o teria alertado, antes das eleições, dos riscos de se tornar uma figura política

Na área social, criticou a enorme desigualdade existente no País e a forma como as políticas públicas são desenhadas, sem ouvir a parcela mais pobre. “Não vamos resolver desigualdade com um monte de gente branca e rica sentada na Faria Lima”, disse. Também afirmou que é necessário investir mais em educação, apesar de “educação não dar voto”. Aos executivos, o apresentador da Globo disse conhecer o Brasil e a pobreza, e destacou ter viajado, com seu programa, da Amazônia à Roraima “dos refugiados”.

Huck defendeu a alternância de poderes e afirmou que o País tem vivido “soluços” na política nos últimos anos. Ele evitou citar o presidente Jair Bolsonaro, que fez provocações ao apresentador nas últimas semanas. Lateralmente, afirmou apenas que não convive bem com a polarização. “A construção das minhas ideias é tentando diálogo, conciliação. Não fui treinado no ringue da luta livre, não convivo bem com polarização, não sou o cara do grito, de falar alto. Não considero quem pensa diferente de mim meu inimigo”, insinuou.

Desigualdade social

O apresentador evitou se colocar como candidato durante o evento, mas deixou claro que algo precisa ser feito pela elite do País na área social. “Todos aqui (na plateia do evento) somos privilegiados, mas se a gente não fizer nada, este País vai implodir. O abismo social é gigantesco, a desigualdade social é enorme, é inaceitável”, disse.

Segundo ele, há uma agenda econômica em andamento que é eficiente e vai melhorar a vida de quem investe e tem recursos, mas, para melhorar a vida do povo “vai dar muito trabalho”. De acordo com Huck, é preciso discutir a mobilidade social no País, que “deixou de existir”. “Nós precisamos discutir seriamente mobilidade social no Brasil. O Brasil já teve mobilidade social, não tem mais. Se você nascer pobre numa favela, a chance de morrer pobre numa favela é enorme”, disse.

*Com Estadão Conteúdo

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