Lula se reúne com sindicalistas em São Paulo em ato organizado pela CUT

  • Por Agência Estado
  • 23/03/2016 18h28
SP - MANIFESTAÇÕES/SP/LULA - POLÍTICA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (c) participa de Plenária Nacional de Sindicalistas em defesa da democracia, do Estado de Direito e contra o golpe, promovida por centrais sindicais, na Casa de Portugal, em São Paulo, nesta quarta-feira. 23/03/2016 - Foto: MARCOS BIZZOTTO/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO Marcos Bizzotto/Estadão Conteúdo AE - Lula se reúne com sindicalistas em São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na tarde desta quarta-feira, 23, na Casa de Portugal, zona central da capital paulista, de um ato de sindicalistas em apoio a ele, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Há cerca de mil pessoas no local, principalmente ligadas à CUT e à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Há também integrantes da Força Sindical – que é rachada entre sindicalistas pró e contra o governo.

Lula chegou de carro, sem falar com a imprensa ou com militantes que tentavam se aproximar. No palco, ele ouviu a leitura de uma carta dos sindicalistas, que pedem por sua posse no Ministério da Casa Civil. A nomeação de Lula está suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a questão só deve ser decidida em plenário na semana que vem.

“Manifestamos total solidariedade à presidente Dilma Rousseff, legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro, e ao companheiro e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e exigimos a imediata efetivação de sua pose como ministro-chefe da Casa Civil. Expressamos a convicção de que Lula, na condição de maior líder político e popular do País, merece e goza de plena confiança e solidariedade dos dirigentes e da classe trabalhadora brasileira e irá contribuir de forma decisiva para solucionar a crise política e institucional que perturba o Brasil”, diz trecho da carta.

O documento também critica o que chama de tentativa de golpe contra o governo Dilma e chega a comparar o cenário atual com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e com o golpe militar, com a deposição de João Goulart em 1964. “Somente a via democrática, sem subterfúgios ou à margem da Constituição, poderá criar as condições para a retomada do crescimento e a geração de empregos no País. O momento requer unidade e demanda repúdio a atitudes antidemocráticas”, diz outro trecho da carta.

Moro

O ato também teve falas contra o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato. Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), chegou a chamar Moro de “agente do Estado Islâmico”. “O Moro parece um agente do Estado Islâmico, nunca vi uma pessoa provocar tanto terror”, afirmou Araújo. 

Outras manifestações se posicionaram de forma contrária à condução coercitiva de Lula pela Lava Jato, autorizada por Moro. Os sindicalistas também criticaram a divulgação do áudio de grampos envolvendo Lula e a presidente Dilma Rousseff.

Nas manifestações que antecedem a fala de Lula, sindicalistas também manifestaram apoio à posse dele na Casa Civil. Álvaro Egea, secretário geral da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), disse querer ver Lula no governo e afirmou que setores conservadores tentam “construir um Estado de exceção” para “retirar direitos dos trabalhadores”. “Presidente Lula, queremos o senhor na Casa Civil, queremos o senhor no governo”, afirmou.

As falas são de apoio à legitimidade do mandato de Dilma Rousseff, mas também com críticas à política econômica que os sindicalistas classificam de “neoliberal”. “Nós temos que baixar os juros e injetar dinheiro na economia brasileira. Não vai ter golpe, vai ter luta”, disse Luizinho, presidente da Nova Central de São Paulo.

“Nosso ato não significa apoio à política do governo Dilma, mas nesse momento não temos dúvidas, vamos pra rua organizar a classe trabalhadora e botar esses golpistas para correr”, disse Edson Carneiro, o Índio da Intersindical.

Juruna, da Força Sindical, afirmou na sequência que “tomar tranco” pode ser positivo, para a unidade das centrais. A Força tem uma atuação rachada na batalha do impeachment. Ela é presidida por Paulinho da Força, que é aliado de Eduardo Cunha na Câmara e milita pelo impeachment de Dilma, mas tem lideranças pró-Lula e pró-governo. “Tomar um tranco também é muito bom porque leva à unidade de ação”, disse Juruna.

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