Mato Grosso: Riva diz que pegou propina de R$ 4 mi em delação
Segundo o delator, o pagamento foi realizado pela Associação Matogrossense de Atacadistas e Distribuidores e a negociação foi conduzida pelo então presidente da entidade
O ex-presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, José Geraldo Riva, afirmou, em mais um trecho de sua delação premiada, que ele, o ex-governador Silval Barbosa e diversos deputados receberam propina de R$ 4 milhões para aprovar a Lei nº 9.855/2012, que tratava da carga tributária do ICMS em operações envolvendo atacadistas e distribuidores. Segundo o delator, o pagamento foi realizado pela Associação Matogrossense de Atacadistas e Distribuidores (AMAD), em cheques que registravam baixos valores, emitidos por várias empresas, e a negociação da propina foi conduzida pelo então presidente da entidade , Sérgio José Gomes. Riva apontou ainda que as ‘discussões técnicas’ sobre o suborno envolveram não só Gomes, mas outros membros da organização, como Sebastião dos Reis Gonçalves (mais conhecido como Tião da Zaeli), Oscar José Soares do Prado e Fernando Mendonça. Xisto Alessandro Bueno, assessor parlamentar da ALMT, também estaria envolvido, segundo a delação, mas sem participar do pagamento de propina.
Em depoimento gravado em vídeo, em referência a uma parcela de R$ 2 milhões, Riva declarou que esteve no gabinete do governador Silval Barbosa, juntamente com o Sérgio, durante as negociações. “Repassamos o valor correspondente a R$ 50%”, disse, acrescentando que embolsou R$ 850 mil. O restante, R$ 1,15 milhão, acabou divido entre deputados estaduais. O colaborador não soube apontar o nome dos parlamentares envolvidos, com exceção de Dilmar Dal Bosco e Gilmar Fabris. “Não posso assegurar quem foram os outros beneficiados, até porque era muito comum que alguns atacadistas do interior repassassem valor direto a deputados, como ocorreu comigo lá em Sinop, no supermercado Machado, quando recebi uma parte desse valor de R$ 850 mil”, explicou Riva.
“O projeto de lei foi aprovado antes do pagamento de propina e até deputados que não receberam qualquer verba ilícita, votaram em favor do segmento, não houve resistência. Jamais foi tratado o quanto os atacadistas deixariam de pagar em tributos”, registra ainda o anexo da delação de Riva. A reportagem busca contato com os citados por Riva. O espaço está aberto para manifestações.
* Com Estadão Conteúdo
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.