Temer revela: ligou para Bolsonaro e o aconselhou contra crise por Covid-19
O ex-presidente da República Michel Temer revelou que sugeriu ao presidente Jair Bolsonaro, em telefonema realizado no último sábado (28), a decretação do isolamento social em todo o País por 10 dias, preservando serviços essenciais, com o objetivo de centralizar a ação de combate ao coronavírus. Segundo Temer, o ideal seria que essa atitude fosse tomada e que houvesse uma reavaliação da decisão a cada uma semana e meia.
“Me julguei no direito e no dever de dar um telefonema, que ele recebeu muito bem. Mas no dia seguinte foi na feira da Ceilândia, um pouco fora dos padrões do isolamento social”, disse Temer, em live organizada pela Necton Investimentos.
Temer lembrou que, nos episódios da greve dos caminhoneiros e da Operação Carne Fraca, o governo constituiu um gabinete de crise, pelo qual era feito o contato com os governadores. “Pacifica a situação”, disse. “Bolsonaro tem feito o possível no combate ao coronavírus. Mas acho que ele deveria centralizar isso tudo. Temos sistema federativo, em que os governadores e prefeitos podem tomar decisões. Mas, no presidencialismo, quem dá o tom é o presidente.”
Em relação à avaliação do governo Bolsonaro, Temer disse que ele “vinha muito bem” no plano econômico. “Eu penso que ele foi bem até certo momento. Nesse momento, começou a ter muita divergência em momento que não deveria ter divergência. Se todos estão na mesma direção, para quê disputa política?”, questionou, citando medidas de combate ao vírus em São Paulo.
Comentando a interação entre o governador de São Paulo, João Doria, e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Temer disse que “é momento se unir contra o inimigo comum”.
O emedebista ainda avaliou que Bolsonaro deveria “preservar sua palavra” e que o hábito de falar com a imprensa toda a manhã acaba criando contestações sobre o que foi dito durante o dia todo. “A palavra do presidente tem grande significado, por isso Bolsonaro precisaria preservá-la.”
Sobre as ações econômicas para atenuar o efeito da crise do coronavírus, Temer avaliou que agora o importante é salvar vidas e que os impactos fiscais devem ser enfrentados depois. Ele ainda disse que concorda que a execução das medidas está um pouco demorada e que o governo tem de ser ágil, principalmente no socorro à população mais vulnerável, sob o risco de aumentar a violência por algo “trivial”: a fome.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.