Ministério da Saúde nega certificado de vacinação para quem recebeu doses de fabricantes diferentes

Não emissão do documento pode impedir viagens internacionais de brasileiros que foram imunizados pelo esquema heterólogo, autorizado pela pasta em julho

  • Por Júlia Vieira
  • 04/10/2021 16h04 - Atualizado em 05/10/2021 08h56
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Movimentação no aeroporto de Guarulhos O certificado nacional de vacinação possibilita o embarque a viagens internacionais

Pessoas que receberam a imunização contra a Covid-19 heteróloga, ou seja, que completaram o esquema com vacinas de fabricantes diferentes, relatam não conseguir emitir o certificado nacional de vacinação, disponibilizado pelo Ministério da Saúde por meio do Conecte-SUS. O esquema de intercambialidade das vacinas, porém, foi recomendado pela própria pasta em 27 de julho de 2021. “De maneira geral não se recomenda a intercambialidade de vacinas Covid-19, no entanto, em situações de exceção, onde não for possível administrar a segunda dose da vacina com uma vacina do mesmo fabricante, seja por contraindicações específicas ou por ausência daquele imunizante no país, poderá ser administrada uma vacina de outro fabricante”, diz a nota técnica.

Natália Borges e o marido, que têm uma viagem agendada para Dubai, nos Emirados Árabes, temem não conseguir embarcar pela falta do certificado de vacinação. Isso porque ele recebeu a primeira dose da AstraZeneca, mas teve que completar o esquema vacinal com a Pfizer. “Ele tomou a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer e não tem a possibilidade de emissão do certificado internacional. Temos uma viagem agendada para o dia 23/10 e não há nenhuma resposta ou solução para o caso”, reclama Natália, que conseguiu obter o documento por ter tomado a dose única da Janssen. No Brasil, a falta de doses da AstraZeneca, nas primeiras semanas de setembro, fez com que diversas cidades passassem a oferecer a segunda aplicação com a Pfizer para não atrasar a imunização.

O mesmo aconteceu com Kátia Freitas, de 42 anos. Para resolver o problema, ela entrou em contato com o Fale Conosco do ConecteSUS, mas não obteve resposta. “No aplicativo não tem mesmo como resolver, pois não aparece o ‘botão’ do certificado ao clicar nas doses. Para tentar resolver, abri um chamado no Fale Conosco do próprio aplicativo ConecteSUS. Me deram um número de chamado e encaminharam para a equipe de atendimento. Até o momento, não obtive resposta”, relata. A economista tinha uma passagem comprada para a Alemanha de 18 de setembro até 2 de outubro, mas desmarcou. Além da falta do comprovante, ela também escolheu esperar a situação da pandemia estabilizar.

Kátia, no entanto, tem uma outra viagem marcada em janeiro e receia que a ausência do certificado a impeça de embarcar. “Espero que até lá o sistema emita o certificado em inglês e também que os EUA aceitem essa modalidade de vacinação [heteróloga], porque embora seja bastante comum na Europa e Canadá, não sei como será nos EUA”, aponta. À Jovem Pan, o Ministério da Saúde admitiu a falha e informou que “busca uma solução para que seja possível emitir o certificado de vacinação no aplicativo Conecte SUS em situações que ocorram intercambialidade de vacinas”.

Como emitir o certificado de vacinação?

Para emitir o certificado nacional de vacinação, o indivíduo deve acessar o site ou o aplicativo do ConecteSUS, disponível na Play Store (Android) e na Apple Store (IOS). Ao realizar o login, é possível ter acesso ao histórico de exames, consultas e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). No campo “vacinas”, a plataforma disponibiliza as informações sobre o imunizante contra a Covid-19 aplicado, como a data de vacinação e o fabricante. Ao clicar no campo “segunda dose”, o usuário poderá obter o documento a partir de um link na parte inferior do site. O ConecteSUS libera a possibilidade de emitir o certificado em português, em inglês e em espanhol.

Opção de certificado em outras línguas

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