Em reunião, ministro do Turismo defendeu cassinos e ‘desmistificação’ de lavagem de dinheiro

  • Por Jovem Pan
  • 22/05/2020 18h47 - Atualizado em 22/05/2020 18h52
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Wallace Martins/Estadão Conteúdo Marcelo Álvaro Antônio deixou o Ministério do Turismo

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, defendeu a liberação de cassinos em resorts e a “desmistificação de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas” na reunião interministerial do dia 22 de abril. A fala foi revelada nesta sexta-feira, após a divulgação do vídeo que registrou o encontro, citado por Moro no inquérito que apura suposta tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

“Mas o que precisa ser feito, presidente, é realmente desmistificar a questão de evasão de divisas, de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas e, para isso, eu sugeriria que nesse debate pudéssemos contar com o Ministério da Justiça, através da Polícia Federal, o Ministério Público na mesa, a Receita Federal, os órgãos de controle, mas obviamente, presidente, uma pauta que só levaríamos para frente se a gente conseguir pacificar, ou nos fazermos entender pelas bancada evangélica, pela bancada católica, pra que não haja uma distorção na comunicação disso. Tem que ser um projeto muito bem feito que eu acredito que pode ser uma grande oportunidade para o Brasil atrair grandes complexos dos quais apenas três por cento são utilizados para os cassinos. E outra, isso não tem impacto diretamente nenhum na família dos trabalhadores brasileiros”, afirmou Marcelo Álvaro Antonio.

Em seguida, ele passou a defender com mais afinco a liberação de cassinos em resorts e se dirigiu especificamente a Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

“Aí, eu falo também para a ministra Damares, que eu sei que é uma pauta muito sensível também a ela, que é a questão, presidente, é… Porque o Ministério do Turismo agora tem que ter um planejamento, um plano de atração de investimentos, que é o que gera emprego, renda, é o que ajuda, obviamente, a economia do Brasil. E, para isso, presidente, eu acredito que o momento propício nesse planejamento da retomada, discutir os resorts integrados. Não é legalização de jogos, não é bingo, não é caça-níquel, não é… São resorts integrados. Obviamente, presidente, uma pauta que precisa ser construída… A Damares tá olhando com cara feia pra mim… Uma pauta que precisa ser construída com as bancadas da Câmara, tanto a evangélica, quanto a católica, mostrando ou desmistificando vários mitos que giram em torno disso. Não sei se o ministro Paulo Guedes concorda. Nós temos a possibilidade de atrair pelo menos quarenta bilhões de dólares para o Brasil só de outorgas, de investimentos imediatos com essa pauta”, disse Marcelo.

Neste momento, Damares, que é ligada a movimentos evangélicos contra jogos de azar, interrompeu o ministro do Turismo. “Pacto com o diabo!”, disparou a ministra.

“Não. Não é bem isso não, né? Vou ter que começar a desmistificar para Damares aqui. Tô… tô vendo isso”, retrucou Marcelo. “(Eu) não estou dizendo que a gente tem que colocar isso como um projeto de governo, obviamente, mas abrir esse debate em torno dos resorts integrados”, completou o ministro do Turismo, que, então, ouviu do ministro-chefe da Casa Civíl, Braga Netto, uma promessa de reunião para tratar sobre o tema.

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