Mudança técnica permitiu ao X driblar bloqueio judicial no Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou estar ‘checando as informações sobre o acesso ao X por parte de alguns usuários’; pena prevista é de 50 mil reais caso realizado uso da rede social via VPN

  • Por Jovem Pan
  • 19/09/2024 05h44
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Kirill Kudryavtsev/AFP Uma foto tirada em 17 de novembro de 2023 mostra o logotipo do serviço de mídia social online dos EUA X - anteriormente Twitter - na tela de um smartphone A ordem judicial de suspender a plataforma reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão e os limites das redes sociais dentro e fora do país

A rede social X realizou uma mudança técnica que lhe permitiu driblar o bloqueio judicial do qual é alvo Brasil, informou nesta quarta-feira (18) a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint). “O aplicativo X foi atualizado (…) durante a noite, o que resultou em uma mudança significativa em sua estrutura”. Essa mudança “torna o bloqueio muito mais complicado”, afirmou a Abrint em um comunicado divulgado em seu site. O antigo Twitter voltou a estar parcialmente acessível no Brasil nesta quarta-feira, após ter sido suspenso em 30 de agosto pelo Supremo Tribunal Federal após descumprir ordens judiciais. A plataforma começou a utilizar os serviços da Cloudflare, uma empresa de cibersegurança, informou Basílio Rodriguez Pérez, conselheiro da Abrint.

A versão mais recente do aplicativo “passou a procurar o conteúdo do X através do Cloudflare (…) Não vai mais diretamente buscar o X pelas próprias redes do X, vai buscar através do Cloudflare, que naturalmente tem outros IPs”, disse ele. Essa empresa permite que os endereços de internet IP mudem constantemente, o que dificulta o bloqueio em comparação a IPs específicos, segundo a Abrint. O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou estar “checando as informações sobre o acesso ao X por parte de alguns usuários”. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, ordenou o bloqueio da rede de propriedade de Elon Musk, acusando-a de descumprir ordens judiciais para suspender contas acusadas de desinformação e por se recusar a nomear um representante legal no Brasil.

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Ao bloquear a rede, Moraes alertou os 22 milhões de usuários da plataforma no Brasil de que quem infringisse a ordem e acessasse a plataforma por meio de “subterfúgios”, como redes privadas virtuais (VPN), estaria sujeito a multas diárias de 50 mil reais. O ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos maiores críticos do bloqueio, se apressou em publicar na plataforma nesta quarta-feira pela primeira vez desde 30 de agosto. “Parabenizo a todos pela pressão que moveu engrenagens em defesa da democracia no Brasil (…) proibir a maior rede social do país não foi punir uma empresa, foi punir milhões de brasileiros”, expressou Bolsonaro, muito próximo do magnata Musk.

Segundo Rodriguez Pérez, a Cloudflare é utilizada por “mais de 24 milhões de sites (incluindo) bancos, imprensa, até mesmo sites do próprio governo brasileiro”. “Temos que aguardar uma orientação nova sobre o que fazer e como fazer, porque não dá para simplesmente ir bloqueando uma coisa que pode bloquear um serviço importante ou necessário”, detalhou o porta-voz da associação. No antigo X, alguns usuários mostraram surpresa com o retorno da rede. “Ministro Alexandre de Moraes: eu não usei VPN para entrar aqui, simplesmente abri o aplicativo em um ritual cotidiano de abstinência e estava funcionando, eu não tenho 50k para bancar essa brincadeira não”, escreveu um usuário no X. A ordem judicial de suspender a plataforma reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão e os limites das redes sociais dentro e fora do país. Moraes protagonizou um embate nos últimos meses com Musk, que acusou o ministro do STF de ser um “ditador maligno”.

*Com informações da AFP

Publicado por Marcelo Bamonte

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