Mulher que teve o pescoço pisado por policial é denunciada por quatro crimes

Ministério Público de São Paulo afirma que comerciante tentou agredir agentes com barra de ferro e os ofendeu

  • Por Jovem Pan
  • 21/10/2021 16h46
Reprodução/Jovem Pan News Policial militar pisa no pescoço de comerciante da zona sul de São Paulo Tribunal de Justiça Militar de São Paulo condenou o policial que pisou no pescoço de uma mulher negra

O Ministério Público de São Paulo apresentou uma denúncia por quatro crimes contra uma comerciante de 52 anos de Parelheiros, bairro da zona sul da capital paulista, que teve o pescoço pisado por um policial militar em maio de 2020. A promotora Flávia Lias Sgobi, da 2ª Vara Criminal (Santo Amaro), denunciou a comerciante por violação de medida sanitária preventiva (infringir o Plano São Paulo de contenção do coronavírus), resistência, desacato e lesão corporal. Em vídeo gravado no dia da ocorrência por pessoas próximas, é possível ver a mulher gritando em direção aos policiais e tentando agredi-los, antes de um dos agentes deita-la no chão e pisar em cima do pescoço dela. O caso teve grande repercussão por ter ocorrido pouco tempo após a morte de George Floyd nos Estados Unidos, um homem negro que morreu asfixiado por um policial com o joelho no pescoço. Assim como Floyd, a comerciante é negra, o que levantou comparações entre os casos.

De acordo com a denúncia, a mulher teria ofendido os policiais chamando-os de ‘seus vermes’ e tentado agredi-los com uma barra de ferro antes de ser dominada. Ela tentava impedir os agentes de abordarem um cliente em seu bar – que estava aberto, contrariando as regras sanitárias. O homem teria se negado a seguir as ordens dos policiais e tentado fugir, mas foi contido. Um dos policiais conseguiu tirar a barra da mão da mulher e pedir reforços, enquanto o outro era agredido por dois homens. A situação foi controlada com a chegada de reforços. Os homens foram denunciados por desacato, lesão corporal e resistência. Já os policiais estão afastados do trabalho nas ruas, cumprindo funções internas da PM, e respondem a processo na Justiça Militar por lesão corporal, falsidade ideológica, abuso de autoridade e inobservância de regulamento.

Em nota encaminhada à imprensa, a defesa da mulher se afirmou perplexa pela acusação. “A denúncia é, no mínimo, leviana e irresponsável. Se baseou exclusivamente nas versões fabricadas pelos policiais militares ignorando as imagens que foram amplamente noticiadas, e que são de conhecimento público. Ao que parece, o mundo inteiro sabe o que aconteceu, exceto, justamente,a promotora que oficia no inquérito policial”, criticou o advogado Felipe Morandini, que disse que a ação da promotoria é uma nova forma de vitimar a comerciante. Já a promotora Flávia Lias Sgobi, através do Ministério Público, afirmou que ela terá direito à ampla defesa e que “os fatos apurados durante a investigação serão devidamente esclarecidos na fase processual”.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.