Na reta decisiva do impeachment, Renan se aproxima de Temer

  • Por Estadão Conteúdo
  • 11/05/2016 11h24
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Antonio Cruz/Agência Brasil Renan Calheiros e Michel Temer

A presidente Dilma Rousseff chega isolada politicamente à votação que, muito provavelmente, vai instaurar o processo de impedimento por crime de responsabilidade, não podendo contar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu maior aliado no Legislativo no segundo mandato, no período marcado pelo agravamento das crises política, principalmente decorrente do avanço da Operação Lava Jato, e econômica, com o aumento do desemprego e da recessão.

Renan esteve, nesta terça (10), com o beneficiário direto do afastamento de Dilma, o outrora desafeto dentro do PMDB e vice-presidente Michel Temer. Com o afastamento da presidente, ele vai assumir o comando do País por até 180 dias, período em que o Senado julgará se a petista cometeu crime por ter editado seis decretos de créditos sem o aval do Congresso e o Tesouro Nacional ter atrasado pagamento com órgãos públicos, as chamadas pedaladas fiscais.

O presidente do Senado, que, nos últimos dias, se afastou de Dilma e passou a avalizar Temer, disse que vai se esforçar para concluir a votação sobre a presidente ainda nesta quarta (11). Está prevista uma maratona de discursos e questionamentos à sessão, que teve inicio às 9h.

Pelo calendário, o encontro será realizado em três blocos, com intervalo de uma hora entre cada um deles, o primeiro ocorrerá das 9h ao meio-dia, o segundo, das 13h às 18h e o terceiro começa às 19h e vai até o fim da votação. Renan disse que a tendência é de que os dois primeiros blocos sejam reservados para manifestações dos senadores favoráveis e contrários ao afastamento. Cada parlamentar terá direito a até 15 minutos de livre palavra.

Uma lista de inscrição dos senadores foi aberta às 15h de segunda-feira (9) e, até o início da noite de terça, 66 dos 80 parlamentares tinham confirmado que iriam falar. Calheiros não vai se manifestar nem votar, apenas conduzir os trabalhos.

O terceiro bloco da sessão do impedimento, segundo Renan, estará reservado para os últimos senadores que queiram se pronunciar. Em seguida, o relator do pedido de abertura de processo na Comissão Especial do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, vão se manifestar também pelo prazo de um quarto de hora.

Questionamentos

Renan também afirmou estar pronto a responder questionamentos do governo e de aliados de Dilma no Senado durante a sessão. “Qualquer questão de ordem será respondida na oportunidade “

Ao fim das manifestações, o presidente da Casa colocará em votação o pedido em desfavor de Dilma, em votação por meio do painel eletrônico. Ao contrário da Câmara, cuja votação nominal durou seis horas e dois minutos, a votação no Senado deverá ser rápida. A presidente será afastada se a maioria dos senadores, com o registro de presença de pelo menos 41 deles, concordar com o parecer de Anastasia. O pedido de impeachment será arquivado se isso não ocorrer, hipótese tida como remota.

A comunicação do afastamento de Dilma, caso se confirme a aprovação, será feita, pessoalmente, pelo primeiro-secretário do Senado, Vicentinho Alves (PR-TO). Se isso ocorrer, Temer assumirá automaticamente sem direito à cerimônia de posse. A expectativa é que a notificação da presidente ocorra ainda nesta quarta-feira, caso a votação siga o cronograma previsto por Renan, ou apenas na quinta-feira pela manhã. 

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