“Não temo propor medida impopular porque meu objetivo não é eleitoral”, diz Temer

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/07/2016 11h30
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Reprodução/SBT Michel temer

O presidente interino Michel Temer disse, na manhã desta segunda-feira (4), que “em determinado momento” o governo irá tomar medidas impopulares e que não teme fazer isso porque não tem pretensão eleitoral e se contenta em “colocar o país nos trilhos.”

“A partir de um certo momento, tomaremos medidas, digamos assim, impopulares. As pessoas me perguntam se temo propor tais pautas. Digo que não porque meu objetivo não é eleitoral. Se eu ficar dois anos e meio e conseguir colocar o Brasil nos trilhos, não quero mais nada da vida pública”, ponderou, em seu discurso na abertura principal do encontro de agronegócio do país, do Global Agrobusiness Fórum, realizado em um hotel de São Paulo.

O c erimonial de abertura do principal encontro de agronegócio do Brasil se transformou em um ato de apoio ao governo interino. Presente ao evento em sua primeira agenda pública no Estado desde que assumiu provisoriamente o governo, Temer recebeu um manifesto de apoio assinado por 45 entidades, entre elas a CNA (Confederação Nacional da Agricultura).

No manifesto, lido em voz alta e entregue em mãos ao peemedebista, as entidades afirmam que a gestão Temer tem “legitimidade constitucional e conta com o comprometimento de uma equipe econômica competente”, além de pontuar que “confiamos que a liderança do presidente será capaz de pacificar e unificar todos os brasileiros para que seja possível construirmos um novo amanhã para o nosso País”. 

Ao receber o texto impresso, Temer citou a frase em latim “verba volant, scripta manent” (as palavras voam, os escritos permanecem) que abria a carta enviada por ele à presidente Dilma Rousseff, em dezembro do ano passado, que marcou o afastamento entre o então vice e a titular.

“Volto a citar a expressão que usei antes: “verba volant, scripta manent”. As palavras voam, os escritos permanecem”, colocou, afirmando que iria enquadrar e pregar o manifesto na parede.

Em seu discurso, Temer agradeceu o apoio afirmando que contava com o setor da agricultura para “colocar o país nos trilhos”. Segundo ele, a presença de correspondentes estrangeiros no evento contribuiria para que chegasse ao exterior a notícia de que o país “estava se pacificando.”

O político ainda fez um afago ao setor creditando sua chegada à presidência interina à agricultura, iniciando sua fala afirmando que sua família, quando chegou ao Brasil, se instalou em uma propriedade rural em Tietê (SP), onde o trabalho possibilitou que ele e seus irmãos pudessem estudar em um curso superior e, “por isso, digo que devo minha posição hoje de presidente em exercício à agricultura brasileira”. 

Em 22 minutos de discurso, o presidente reiterou que “apanhou” o Brasil “em um momento muito difícil” e que, em pouco tempo, já tomou medidas para colocar “o país nos trilhos”, “em pouquíssimo tempo, conseguimos aprovar matérias que dormitavam há mais de 10 meses”.

Citando como exemplo a aprovação da DRU (desvinculação das receitas da União), chamada pelo presidente interino equivocadamente de Desvinculação das Receitas do Orçamento, e a negociação com os governadores em torno das dívidas dos Estados, Temer exemplificou essa rapidez.

O evento contou com a presença do ministro da Agricultura Blairo Maggi e dos governadores Geraldo Alckmin (São Paulo) e Pedro Taques (Mato Grosso), além de deputados federais como Marcos Montes (MG), presidente da Frente Parlamentar pela Agricultura. 

Encontro também tem ato contra Temer do lado de fora

Um grupo de cerca 15 pessoas protestou, na manhã desta segunda-feira (4), contra o presidente em exercício Michel Temer, em frente ao Hotel Hyatt, em São Paulo, onde se realizou o Global Agribusiness Forum 2016.

Enquanto os manifestantes erguiam placas com dizeres como “fora, Temer” e “Dilma precisa voltar”, outros gritavam palavras de ordem como “golpistas, fascistas, não passarão!” e “Temer, sua hora vai chegar”.

Entre os manifestantes estão membros da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), da Juventude do PT, do coletivo Oculta e também populares que se mobilizaram por meio das mídias sociais. 

“Em pouco tempo, esse governo só fez coisa errada, aprovou medidas neoliberais. O Senado não pode aprovar o impeachment, que é ilegal, como as perícias já têm demonstrado. A saída da Dilma (Rousseff) foi articulada por grupos que queriam surfar na onda da corrupção”, disse Edva Aguiar, que se apresentou como sendo parte da “população indignada”.

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