Nasa alerta que altas temperaturas do mar podem intensificar queimadas na Amazônia

Segundo a agência, condições climáticas devem piorar um cenário já criado pela sociedade, com as queimadas intencionais

  • Por Jovem Pan
  • 11/07/2020 08h49
EFE/ Fernando Bizerra Jr. Em agosto do ano passado, a região atingiu o maior número de focos de incêndio para o mês desde 2010

A a agência espacial norte-americana Nasa lançou um alerta na última quinta-feira, 9, de que a temporada de fogo neste ano na Amazônia pode ser particularmente intensa em razão do aumento das temperaturas na superfície do mar no tropical Oceano Atlântico Norte.

As condições climáticas devem piorar um cenário já crítico criado pela sociedade. Com os altos índices de desmatamento na região, há muita matéria orgânica no solo. Queimadas intencionais, para a limpeza de terreno, poderão ser intensificadas com o clima mais quente e seco.

De acordo com cientistas da Nasa e da Universidade da Califórnia, em Irvine, serão maiores os riscos de incêndios no sul da Amazônia. O aquecimento das águas também torna as condições mais propícias para furacões. “As águas superficiais mais quentes próximas ao Equador atraem a umidade para o norte e para longe do sul da Amazônia, favorecendo o desenvolvimento de furacões. Como resultado, a paisagem do sul da Amazônia se torna seca e inflamável, tornando os incêndios humanos usados para agricultura e limpeza de terras, mais propensos a crescer fora de controle e propagação”, aponta a Nasa em nota.

Em agosto do ano passado, quando a região atingiu o maior número de focos de incêndio para o mês desde 2010, o governo se apressou em dizer que era uma situação normal por causa da temporada seca. Mas cientistas brasileiros e a própria Nasa divulgaram análises mostrando que o clima não estava tão seco e que a responsabilidade pelo problema era humana, motivada pela alta do desmatamento.

“A previsão para a estação de fogo é consistente com o que vimos em 2005 e 2010, quando as temperaturas quentes da superfície do mar no Atlântico provocaram uma série de furacões graves e provocaram secas recordes no sul da Amazônia que culminaram em incêndios florestais na Amazônia”, afirmou na nota Doug Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas da Nasa.

O maior risco está no sul no Pará, norte de Mato Grosso e Rondônia, justamente os locais que mais desmataram desde o ano passado. “É uma tempestade perfeita: seca, o recente aumento do desmatamento e novas dificuldades para o combate a incêndios (por causa da pandemia de Covid-19)”, disse.

Empresários condicionam volta do investimento à redução do desmatamento

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu mais uma vez erro do governo no combate ao desmatamento na Amazônia. Nesta sexta-feira, 10, Mourão faz uma nova rodada de conversa com empresários após aumentar a pressão de investidores estrangeiros sobre o Brasil na questão ambiental.

Mourão afirmou que o combate ao desmatamento, iniciado em maio, começou tarde e deveria ter sido colocado em prática no mês de dezembro do ano passado. “Começou tarde, lógico. O começo em maio vai nos dar uma melhor situação em relação a queimadas, mas não em relação ao desmatamento”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.

* Com informações do Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.