No Senado, Flávio distoa do discurso ‘bolsonarista’ ao fazer articulação política e falar com a oposição

Discreto nas redes sociais e aberto ao diálogo fora das hostes do bolsonarismo, Flávio não costuma replicar o discurso raivoso contra os adversários

  • Por Jovem Pan
  • 17/06/2019 08h34 - Atualizado em 17/06/2019 08h35
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Divulgação/Agência Senado O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)

Filho de um presidente da República que se elegeu com o discurso contrário ao que chama de “velha política” e que mantém como método a estratégia de não negociar com parlamentares, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) vem se transformando em um dos principais articuladores das pautas do governo na Casa. “O Flávio tem um papel fundamental na articulação política e conversa muito bem com as bancadas de oposição. Ele tem um perfil moderado e tranquilo”, disse Major Olimpio (SP), líder do PSL no Senado.

Discreto nas redes sociais e aberto ao diálogo fora das hostes do bolsonarismo, Flávio não costuma replicar o discurso raivoso contra os adversários. “O senador Otto Alencar (PSD-BA), por exemplo, não é da base, mas é muito importante. Jaques Wagner (PT-BA) é uma pessoa super experiente, equilibrada Ele me surpreendeu muito, apesar de ser do PT”, disse o senador.

O discurso da antipolítica também não faz parte da rotina do senador do PSL. “Não podemos partir do pressuposto de que qualquer coisa que venha de políticos é ruim”, afirmou Flávio. “É a boa política o que eu faço”, disse o senador ao ser perguntado sobre uma possível incoerência entre seu estilo conciliador e o discurso contrário à velha política” do restante da família.

“Meu perfil sempre foi conciliador. Tenho uma preocupação grande de que o presidente [seu pai, Jair] tenha uma base sólida no Senado”, justificou.

O filho “Zero Um” do presidente Jair Bolsonaro disse que também intermedeia nomeações para cargos federais nos Estados indicados por parlamentares. “A gente não conhece pessoas qualificadas para todas as funções nos órgãos federais nos Estados. Os parlamentares nos ajudam nisso”, disse o senador.

Questionado sobre se o caso Queiroz —  que apontou movimentações “atípicas” de R$ 1,2 milhão, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, do seu ex-assessor, Fabrício Queiroz — não atrapalha no diálogo com os senadores, ele disse que “atrapalha só no sentido de tomar tempo”.

Intermediações

No início do ano a bancada de senadores do Amapá — que tem entre seus integrantes o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), — conseguiu finalmente emplacar uma emenda de R$ 20 milhões ao orçamento para pavimentação do trecho norte da BR-156 A liberação da verba foi motivo de festa no Estado, afinal, a estrada é uma das obras inacabadas mais antigas do Brasil, que já se arrasta por incríveis 87 anos.

Dias depois, o senador Lucas Ribeiro (PSD-AP) foi conferir o plano de obras do Ministério da Infraestrutura e constatou que, apesar da liberação da verba, a BR-156 não estava nos planos do ministério. Ribeiro decidiu então procurar o senador Flávio Bolsonaro, para pedir ajuda.

Pouco tempo depois o amapaense recebeu uma ligação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que informava a inclusão da BR-156 no plano de obras da pasta para 2019 e pedia desculpas pelo esquecimento. “O Flávio ajuda muito a criar um ambiente de diálogo aqui no Senado. Ele é sensível. Liga pra ministro, dá retorno”, disse Ribeiro.

Em outro encontro com Flávio, o ministro da Infraestrutura revelou que havia terminado um pacote de concessões de rodovias federais no Estado do Rio de Janeiro. Tarcísio queria anunciar ali, na mesma hora, ao lado de Flávio, mas o político do Rio achou melhor adiar o anúncio e fazê-lo ao lado dos outros senadores do Estado, Arolde de Oliveira (PSD) e Romário (Podemos).

*Com informações do Estadão Conteúdo

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