Novo chefe terá letalidade da PM como desafio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 05/05/2018 11h44 - Atualizado em 05/05/2018 12h19
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO Novo comandante-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcelo Vieira Salles tomou posse na última sexta-feira

Apenas dois dias após ser nomeado como novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Marcelo Vieira Salles foi a Diadema, no ABC, prestar solidariedade no velório do cabo Matias, morto com oito tiros. O ato simbolizou dois dos principais desafios do coronel ao assumir o posto mais importante da PM: estreitar a relação entre comando e tropa e combater a letalidade envolvendo policiais.

Ex-chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-5 (CPA/M-5), responsável pelo policiamento da zona oeste da capital, o coronel Salles é a primeira mudança do governador Márcio França (PSB) na cúpula da Segurança Pública. Com perfil de valorizar a polícia comunitária e os direitos humanos, ele substituiu o coronel Nivaldo Cesar Restivo.

A cerimônia da passagem de comando ocorreu na última sexta-feira (4), na Academia do Barro Branco, zona norte. Antes de fazer um discurso emocionado, foi o próprio coronel Salles quem, do palanque, deu o comando “à vontade” à tropa para que os policiais em formação saíssem da posição “descansar” – um ato incomum em solenidades. “Somos um só corpo e terão, neste comandante, o máximo de energia que São Paulo merece.”

Embargou a voz ao cumprimentar o governador. Chorou e foi aplaudido ao falar do pai, o subtenente da reserva da PM Nelson Almeida Salles. Também citou São Tomás de Aquino e um texto atribuído ao ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt “Não é o crítico que importa. (…) O crédito pertence ao homem da arena, cuja a face está manchada de poeira, suor e sangue.”

Por sua vez, França adotou um discurso mais direto. “A nomeação do comandante é menos importante que a atuação dos senhores a cada dia”, disse. “Por isso, eu gostaria muito que todas as pessoas, a imprensa de maneira especial, pudessem respeitar esse trabalho e pudessem poupar esses homens.”

Letalidade. Em 2017, 877 pessoas morreram em supostos confrontos com PMs. Para comparação, o número de vítimas de homicídios comuns foi de 3.504 no ano. No primeiro trimestre deste ano, porém, houve queda de 11,5%. Já o índice de PMs mortos quase dobrou em 2018, passando de 7, entre janeiro e março de 2017, para 13.

O quadro é visto “com muita preocupação”, segundo Salles. A seu favor, o comandante-geral tem o histórico do CPA/M-5, que reduziu ocorrências de letalidade sob seu comando. “A morte é de se lamentar. Quando é a do policial, impõe uma reflexão maior, seja no preparo da nossa tropa, seja na atenção com a prevenção primaria”, disse. “A postura voluntária do policial de querer prender, de atuar, por vezes, redunda nisso.” O comandante ressaltou a “qualidade das polícias” e a queda dos últimos índices criminais, segundo dados da Secretaria da Segurança. “Eu me sinto seguro em São Paulo.”

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