Odebrecht anuncia contrato de R$ 2,1 bi para porto, o maior desde a Lava Jato

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/05/2018 07h53 - Atualizado em 04/05/2018 07h54
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EFE / SEBASTIÃO MOREIRA Fachada da sede da Odebrecht em São Paulo - EFE Na última semana, a Odebrecht deixou de pagar uma dívida de R$ 500 milhões com investidores estrangeiros

A Odebrecht anunciou na última quinta-feira (3) um acordo com a empresa privada Petrocity Portos para fazer os estudos de engenharia e construção de um megaporto no Espírito Santo. O empreendimento, de R$ 2,1 bilhão, é o maior conquistado pela empreiteira desde a Operação Lava Jato, em 2014.

O anúncio vem na esteira de diversos problemas enfrentados pelo grupo. Na semana passada, a empreiteira deixou de pagar uma dívida de R$ 500 milhões com investidores estrangeiros e corre contra o tempo para fechar um acordo com os bancos para um novo empréstimo de R$ 2,5 bilhões.

Se não conseguir concluir as negociações nas próximas três semanas, a empresa entrará oficialmente em processo de default (calote). Na prática, isso permitiria que outros credores solicitassem a antecipação do pagamento da dívida e a Odebrecht não teria como pagar a todos – a empreiteira deve quase R$ 11 bilhões na praça.

Carteira

A situação se agravou porque a empresa – que perdeu reputação no mercado por causa do escândalo de corrupção – não tem conseguido recompor sua carteira de obras. Desde que a Lava Jato descobriu sua participação em crimes, como o pagamento de propina, o estoque de projetos da empreiteira caiu para menos da metade, de US$ 33 bilhões para US$ 14 bilhões (em reais, pelo câmbio de ontem, a carteira encolheu R$ 66 bilhões).

Um pequeno alívio para essa sangria veio em março quando a construtora conseguiu assinar um contrato de R$ 578 milhões para a ampliação da térmica Santa Cruz (RJ) da estatal Furnas, do grupo Eletrobrás. Foi a primeira licitação de obra pública vencida pela empreiteira desde a Lava Jato.

No porto do Espírito Santo, o diretor da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, afirma que a escolha da empresa se deve à ampla experiência da Odebrecht na construção de terminais portuários mundo afora. “Foram 55 portos implementados pela empresa em todo o mundo. Por isso, escolhemos a empresa, pelo aspecto técnico”, diz ele, ressaltando que a situação econômica da empreiteira não influencia na decisão.

O projeto do Centro Portuário São Mateus foi idealizado em 2013 para atender o boom da indústria de petróleo. Mas, com a crise, o empreendimento perdeu força e passou por uma reestruturação acionária, afirma Silva.

Anonimato

O grupo privado é formado por operadores portuários, executivos do setor financeiro e outros investidores menores. O diretor da Petrocity não quis dizer, no entanto, o nome dos acionistas sob o argumento de haver cláusula de sigilo. O único nome informado foi o da italiana Marmi Bruno Zanet.

Silva explica que o projeto do megaporto ressurgiu em 2017 com um novo formato para atender uma demanda reprimida de carga na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. “Com um rearranjo de cargas, o empreendimento ganhou viabilidade econômica, com retorno do investimento em oito anos”, diz o executivo. A expectativa é que as obras comecem no primeiro trimestre de 2019, criando até 2,5 mil postos de trabalho. De acordo com o cronograma, a operação teria início em 2021.

Nos próximos meses, caberá à Odebrecht fazer todos os estudos do projeto (de morfologia da costa e geofísica), incluindo o material que vai embasar o processo de licenciamento ambiental. O memorando assinado entre as empresas “assegura que, em contrapartida pelo desenvolvimento dos estudos de engenharia, a construtora terá exclusividade na execução das obras do empreendimento”.

Além do porto e da obra de ampliação da térmica de Furnas, a Odebrecht também participa de uma licitação internacional para a construção de uma hidrelétrica no valor de US$ 3 bilhões na Tanzânia – local onde não foi afetada com o escândalo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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